Foto cedida por - Magno Herrera Fotografias
"Ação agora e fé sempre"
Foi
um alívio. Eu me sentia num cárcere. Dores terríveis e uma ilusão de que tudo
poderia ser modificado. Não havia solução pra mim naquele corpo. Os familiares
pediam, inutilmente, para que Deus me curasse e eu pudesse me erguer do leito
hospitalar. Eu estava internado há tantos meses e apesar das inúmeras
tentativas nada resolvia o meu estado de putrefação.
Foi
horrível. É como se eu estivesse apodrecendo em vida e eu exalava um cheiro
forte e insuportável daquelas feridas. Ah! Como nós temos o olhar limitado meus
irmãos. Os meus amados se detinham a pedir que eu me reerguesse, tamanho amor
que tinham por mim, mas o correto é pedirmos para que seja feita a vontade do
Pai porque só Ele para saber quando a nossa prova se encerrou.
A
minha durou meses, mas um dia teve fim e eu diria a vós que foi um dia
abençoado. Não encarem a morte com tristeza porque no meu caso foi uma alegria
imensa, um júbilo poder me livrar daquela prisão horrível. Era como se eu
houvesse me tornado uma borboleta. Eu me senti tão livre e bem.
Confesso
que, por vezes, as sensações das feridas ainda me incomodavam e necessitei de
um período de tratamento para me conscientizar que sou saudável e perfeito,
assim, aos poucos foram desaparecendo os vestígios daquela última provação. A
lei de causa e efeito é perfeita como tudo o que é divino. Eu não dei o devido
valor ao corpo que recebi. O corpo que deve ser mantido como vaso sagrado que
nos conduz para os ajustes necessários. Eu danifiquei o meu aparelho condutor
por simples imprudência.
Desejava
sentir os prazeres que ele poderia me proporcionar. E existem tantas maneiras
de conseguir isso. Na juventude fiz tudo o que podem supor em matéria de
prazeres. Sexo, drogas e fui me aniquilando. Quando consegui um pouco de juízo
já era tarde. Nada disso tinha a ver com meu plano reencarnatório que era
simples, mas adequado para minha evolução.
Eu
deveria ser um excelente pai de família. Não estava no meu plano um desencarne
tão sofrido. Isso eu adquiri com as imprudências da atual existência, mas
poderia ter ficado para uma outra. A questão é que o corpo ficou tão seriamente
comprometido que cientificamente foi muito natural tudo o que me ocorreu. Eu
sinto por meus familiares. Acredito que sofreram muitíssimo com tudo.
Eles
me amam e são pessoas excelentes, por isso, acredito que não errei de todo e
consegui o amparo que me fez chegar até aqui. Eu desejo a vocês toda sorte para
que possam trilhar com confiança no projeto que firmaram com a espiritualidade.
Com respeito.
Eliseu
05/02/17
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Foi
tudo tão perfeito. Acredito que todos os anos em que necessitei passar por
tratamentos de saúde me auxiliaram para que me tornasse uma pessoa melhor. Eu
tive o privilégio de conhecer pessoas que tinham sofrimentos muito maiores que
o meu e elas sorriam, eram afetuosas. A doença é uma prova boa para quem
precisa depurar o Espírito.
As
pessoas começam a pensar diferente sobre muitas coisas. O que era importante
antes da doença vira banalidade depois. Eu queria viver, eu queria praticar
esportes, mas meus pulmões não permitiram. A doença se instalou quando eu era
adolescente e a fibrose cística não me permitiu realizar algumas pretensões
simples, tudo bem.
Eu
conheci tanta gente e apesar de tudo a vida me sorria. Tive os melhores anos da
vida no hospital com minhas amigas que estavam no leito. Estranho né? Acho que
quem é esperto usa as oportunidades que têm para vivenciar o que tiver de ser.
Eu não tinha tempo pra reclamar ou para ficar questionando os porquês. Eu
queria existir no mundo e então decidi fazer o melhor que podia.
Uma
parte do tempo ficava no hospital para me tratar e a outra parte eu era uma
pessoa quase normal porque eu tinha limitações, mas quem não tem? Acho que
existem limitações piores do que as limitações físicas. Por exemplo? As
limitações morais.
Não
que eu não as possua, mas existem pessoas que se acham perfeitas e se acham
seres superiores por causa disso e eu nem ligo pra elas porque são
insuportáveis. Ninguém nem consegue ficar perto. É muito chato quando alguém é
arrogante e afirma que sabe de tudo, por isso, a humildade é tão linda né? É
lindo ser humilde. Tem tanta gente que é belo ou bem inteligente, mas é tão
simples que dá gosto de ficar junto.
Eu
tive uma amiga assim, a Clara. Sou muito grata a ela que nunca sentiu vergonha
de estar comigo, apesar da minha aparência ou das minhas limitações. Eu agradeço
muito os meus familiares que nunca me deixaram sentir menos que ninguém. Eles
sempre me capacitaram para viver na igualdade e isso é show. Eu fui feliz e
hoje sou mais feliz ainda. Sinto saudades de todos, mas faz parte da vida
sentir saudades. Acho que Deus sempre nos reuni com os que amamos e isso me
conforta.
Não
desprezem as pessoas pelos seus defeitos ou por suas limitações. O que é
determinado em uma existência pode não ser em outra e nós nunca sabemos de que
lado nós estaremos. Com gratidão.
Isaura
05/02/17
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As
situações foram permitindo que nos afastássemos. Eu não desejei que fosse
assim. Eu via você e não acreditava como conseguia ser tão bela. Eu não cansava
de admirar. Tentava controlar minha fúria quando outros rapazes olhavam pra
você, mas eu sabia o que eles estavam pensando e isso me irritava ainda mais.
Por que as pessoas que são bonitas gostam de esnobar as outras? Eu percebi.
Fiz
de tudo pra você continuar ao meu lado, mas não consegui. Você se aproveitou da
situação e terminou tudo comigo. Doeu, doeu tanto que eu chorei, gritei. Não
queria mais viver. Pensei no que poderia fazer pra consertar tudo o que havia
rompido conosco e decidi te procurar. E eu nunca deveria ter feito isso porque
naquele dia você me arruinou quando disse as suas verdades, quando me feriu com
suas palavras mesquinhas. Pra quê? Não precisava ofender.
Então
eu armei um plano pra que ela voltasse pra mim. Eu iria ficar uns dias com ela
e só com ela pra que pudéssemos nos aproximar, mas quando cheguei na escola, eu
a vi com outro num carrão. Eu entendi o fim do nosso romance. E eu voltei pra
casa decidido a acabar comigo e consegui.
Uma
imprudência que me fez sofrer por décadas. Nós éramos tão jovens e eu também
tinha planos e sonhos. Eu tinha uma vida e um plano pra concluir e interrompi tudo
porque perdi a cabeça.
Orgulho
e vaidade é verdade são os males da humanidade. Resta dizer que após ter sido
socorrido pelos apelos de minha mãe eu pude colocar as ideias em ordem. Eu
ainda me recordo de tudo com pesar. Ainda estou em tratamento psicológico e nem
tenho ideia da minha alta. Ainda me faz doer lembrar dela. Claudia. Se passaram
sessenta anos e ela ainda vive encarnada. Tem casa, marido, netos e se lembra
vagamente que existi.Dói.
Eu
pude escrever por uma simples proposta. Aos jovens, eles devem ser ensinados a
amar de forma delicada sem ferir os sentimentos uns dos outros. Se sabemos que
todos têm questões pra resolver e se sabemos que ainda estamos impregnados do
mal. Todos nós devemos estar unidos no propósito de espalhar amor. Eu não posso
culpá-la porque eu também não soube amar. E isso precisa de mudança no
comportamento de todos pra que as moças se resguardem e os rapazes as
respeitem. Para que todos possam ser mais indulgentes com os sentimentos
alheios. Amor e respeito talvez sejam a solução. Pelo menos eu queria que
tivesse sido assim. Hoje eu desejo a ela uma vida feliz, me esforço pra não
pensar em nada disso, mas estou sendo orientado pra observar a situação de
forma consciente.
Aprender
a elevar minhas virtudes é uma proposta sábia diz meu orientador Erasmo. Eu
agradeço pela paciência que ele tem tido comigo e também por dividir com todos
o meu relato. Abraços
Júnior
Júnior
05/02/17
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São
sempre as mesmas coisas, os mesmos manifestos e as mesmas inclinações. Vejo por
toda parte pessoas que reclamam tanto, pessoas que afirmam que tudo poderia ser
corrigido assim ou assado, mas o que eu mais vejo são pessoas de braços
cruzados.
Por
que perdem tanto tempo?
Se
há tanto a fazer?
Pessoas
que podem produzir e por que não dizer pessoas que tem tanto potencial
evolutivo e se amontoam sobre o nada. Já que aqui se pode afirmar uma realidade
de consciência diremos o que quisermos.
A
liberdade da conscientização de uma mente eterna. Muito obrigada. Por que não
chegou antes?
Perder
tempo com julgamentos... O que irão dizer? As pessoas têm que trabalhar. Os
bons devem se assumir e pregar, falar sobre a verdade. Verdade de Jesus.
Insistir na realidade da justiça, do amor e da caridade que salva todos nós e
nos uni como irmãos do reino de Deus. Por que o constrangimento de se assumir
cristão e fingir ser diferente para agradar quem?
Se
todos nós evoluímos individualmente e não importa o que achamos de nada quando
estamos na própria trajetória. Ser conscienciosos de nosso papel na sociedade e
no lar e termos a certeza de que toda omissão também aciona uma reação no
universo.
Quando
somos omissos com nossos filhos porque é mais fácil deixar pra lá. Quando somos
omissos com nossos cônjuges porque é cansativo ouvir. Quando somos omissos no
trabalho porque logo bateremos o ponto e retornaremos para o lar.
Enfim,
tudo o fazemos de qualquer jeito também aciona uma lei no universo e nós somos
responsáveis por todas as escolhas que fazemos. Nós e só nós podemos caminhar
para o plano que foi proposto e evoluirmos um pouco mais desta vez.
Lembrando
irmãos que há apenas um Deus que é Pai de todos nós e só Ele pode nos receber
em Seus braços. Todas as escolhas que fazemos dizem respeito a nós e nenhum
Espírito pode resolver os assuntos que deixamos pendentes, assim como também
nenhum deles terá tanta força para nos destruir se estivermos invencíveis do
lado certo que é nos braços do Mestre Jesus. Se estivermos empenhados em
caminhar na linha do bem e da bondade.
Se
nós estivermos interessados em penetrar pela porta estreita e abandonarmos
pouco a pouco nossas mazelas adquiridas no pretérito. Todos nós poderemos
triunfar se houver interesse, empenho e trabalho árduo. Ação agora e fé sempre.
Antônia
05/02/17
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" Nós somos construtores do nosso próprio destino"
Lealdade
é uma linda virtude.
Pena
que poucos seres humanos sabem expressá-la. Eu tive um marido que foi o meu
grande amor nesta última existência. Dediquei a ele os melhores anos de minha
vida e tive com ele uma bela família que até hoje me deixa feliz.
Durante
os anos em que estivemos juntos eu tive ânimo e disposição para auxiliá-lo em
tudo. Além de desempenhar as tarefas relacionadas à minha missão de mãe e de
esposa, eu também o auxiliava na renda familiar porque juntos tínhamos um
pequeno negócio que provinha todos os recursos de nossa singela família. Nós
não tínhamos posses, tudo era conquistado com enorme sacrifício.
A
questão é que depois de alguns anos de trabalho árduo nós conquistamos certa
estabilidade financeira que fez crescer os olhos de algumas ninfetas da cidade
e isso deixou o marido vaidoso e fascinado. Que pena! Quanta ilusão. Pensar que
aqueles rostos jovens poderiam amá-lo mais do que eu que sempre fui sua
companheira e que abdiquei de conforto para dar duro com ele, ao seu lado.
Ele
me traiu. Tirou tudo de mim. Me fez assinar alguns papéis abrindo mão de meus
direitos e quando percebi ele tinha ido embora com uma delas. Fiquei arrasada.
Não porque eu fosse insegura e amedrontada com a situação financeira, não por
isso, mas porque eu me senti usada. Eu me senti envergonhada de ter me deixado
enganar por aquele homem que dormia ao meu lado. A quem eu dediquei meus
afetos, meus carinhos e dei parte dos meus filhos a ele. Filhos estes que não
sabiam do pai e que também foram abandonados, ficaram sem nada tanto quanto eu.
E
vocês podem se questionar onde está a justiça de Deus. Eu respondo que atraí
para minha vida a prova de sentir na pele o que um dia, em vida pretérita, fiz
uma grande amiga sentir quando roubei o noivo dela. Eu senti o sofrimento de
ser enganada e ser abandonada por quem se ama.
Valeu!
Mas ai daquele que causar o escândalo... O Gerson poderia ter escolhido manter-se
fiel, ser leal aos propósitos do matrimônio. Ele poderia ter escolhido a
família, ao invés da aventura. O Gerson tinha o seu livre arbítrio respeitado
pela lei e, ainda assim, ele me prejudicou. Eu entendi que havia um motivo para
eu vivenciar aquela tristeza toda, mas ainda assim, sabemos que quando seguimos
o lado certo as pessoas não são prejudicadas desta forma.
Eu
sei que é confuso porque cada vida é única e eu nunca mais vi o Gerson, não sei
dele. Sei que eu batalhei muito para alimentar os meus filhos e eu só fiz
crescer moral, espiritual e até materialmente porque a vida conspirou para me
favorecer, ou seja, quando se faz o bem se colhe o bem e ninguém nunca está
sozinho. No meu caminho apareceram muitas pessoas para ajudar e os meus meninos
cresceram me apoiando. Todos nós sofremos com a separação, mas nos unimos e nos
fortalecemos em Deus e Ele nos impulsionou. Eu desejo que vocês possam
vivenciar a lealdade e jamais desejem ser felizes às custas da infelicidade alheia.
Quem recebe o mal sofre muito e não desejo que ninguém passe pelo que nós
passamos.
Solange
12/02/2017
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Eu
estava acompanhado de muitos amigos e juro que naquela noite nós só pensamos em
nos divertir. Sabe como é cabeça de jovem... Eu queria viver o momento. Vim de
uma família que fazia tudo pra mim. Pais maravilhosos que me deram uma boa educação.
Eu não precisei trabalhar. Pude me dedicar unicamente aos estudos e em dias de
comemoração ou feriados, eles deixavam nossa casa de campo ou a de veraneio a
disposição do que eu desejasse fazer com meus amigos.
Nós
fomos à praia, mas se a gente não coloca um pouco de tempero na comemoração a
coisa fica muito sem graça e foi isso o que nós fizemos. Eu não imaginava que
ia acabar atrapalhando tanta gente. Foi uma confusão. Bebida demais e uns caras
irresponsáveis só podia terminar em coisa errada. A casa começou a incendiar e
eu nem sei como o fogo começou. A gente não se preocupou muito porque a mamãe
vivia reformando a casa e ela não iria se importar se arrumasse uma boa
explicação. O problema foi que o caseiro apareceu morto. No dia seguinte a
gente ainda tava um pouco confuso, sonolento quando apareceu a viúva chorando.
Viu a casa toda queimada e gritava sem parar:
-Cadê o Manuel? Seu bando de
riquinho metido a besta. Vocês mataram o meu marido.
Cara eu nem pude acreditar
quando entendi o que ela estava afirmando. Comecei a suar frio e liguei pro meu
pai. Num instante ele estava no local e deu policia, foi um horror. A coisa
toda acabou com um alto valor pago para indenizar a família porque o meu pai
conseguiu provar que foi um acidente.
Este
não foi o fim da história porque muitos anos se passaram depois disso. Eu
envelheci e vivi mais cinquenta anos. Constitui família, me tornei um homem
respeitado e quando imaginei que ninguém tivesse conhecimento desta historia me
deparei com o sujeito, o Manuel.
Desencarnei
vítima de um infarto e logo que fiz a passagem vi o Manuel do mesmo jeito que
estava quando o encontraram. A imagem horrível de se ver. Imagem que me
perseguiu por mais algumas décadas até que eu admitisse o quanto fiz mal a ele
e a sua família. Eu não sabia que era desta forma, mas nada fica impune. Todo
erro terá uma consequência. Todo mal terá uma paga. Não é castigo, é
ressarcimento entendem? Demorou muito pra que nós conseguíssemos nos separar e
hoje, depois que fomos socorridos nos tornamos cúmplices de um erro.
Perseguido
e perseguidor que devem caminhar juntos para resgatarem com amor. Ele será meu
filho para que eu possa cuidar dele. Virá com algumas lesões na pele porque
ainda tem dificuldade para se ver inteiramente saudável após os ferimentos causados
pelo fogo e eu como seu pai deverei cuidar e proteger. Eu deverei me esforçar
para que ele possa restabelecer suas funções no corpo físico, deverei procurar tratamentos
adequados para ele. Eu não sei se conseguirei. Eu já falhei e me sinto
inseguro. Não existe recusa, nós iremos, mas sei o quanto me custará. Rezem por
mim, por favor. Alexandre
12/02/2017
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Eu
sempre soube que não seria para sempre. Tinha medo de me sentir tão feliz
porque no fundo sabia que era demais pra mim.
Eu
só agradeço todos os dias que tivemos juntos e tudo o que você fez pra me amar.
Eu nem me sentia merecedora de tanto afeto. Saiba que aqui tenho tudo o que
preciso pra ser feliz, só me falta o seu carinho e a doçura da minha mãe. Pense
em ser feliz Emílio. Sorria mais. Não me condene porque eu não desejei
desencarnar. Eu sei que quando nós estamos deveras entristecidos e cansados nós
nos entregamos ao desânimo e pensamos injustiças de todos, então eu não ligo,
mas me sinto desconfortável por você. Almeje coisas boas meu amor.
Saia
de casa e retorne para o seu trabalho. Você ainda encontrará uma pessoa muito
boa que te fará feliz e eu desejo a sua alegria, o seu bem estar. Quando o
câncer chegou ele destruiu os meus sonhos de maternidade e estava tão avançado
que não achei adequado contar pra vocês. Eu não queria que me vissem definhando
e tivéssemos destruídos nossos momentos felizes, foi por isso que não contei.
Eu tive o melhor de uma vida. Tudo o que poderia desejar.
Foi
na prova. Não foi falta de perdão, nem nada disso que poderiam falar. Foi
apenas prova e eu fui muito bem recebida onde estou. Vovó Leocádia está comigo
e ela me encaminha em todos os serviços que já posso desempenhar. Eu estou
muito bem, mas não posso seguir em paz sentindo a sua infelicidade. Acredite
que a morte não é o fim. Ela nem mesmo existe.
Eu
continuo viva. Eu existo e te amo meu querido tanto, tanto. Não posso
desejá-lo. Eu não posso retornar porque cada um de nós deve permanecer no local
adequado para sua trajetória do momento que será sempre individual, mas se Deus
permitir que os nossos caminhos se cruzem novamente eu serei tão grata meu
lindo.
Diga
à mamãe que eu não desejo lágrimas, mas sorrisos porque pudemos estar juntas
mais uma vez. Com muito amor Sandra.
12/02/2017
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Eles
insistiram e eu fui. Nunca imaginei que aquilo era uma trama para nos separar.
Eu preferia sofrer a ilusão de ser amada para sempre. Pode ser que não me
entendam, mas uma traição nunca pode ser boa.
Eles
achavam que eu devia saber que fui traída. Meus amigos armaram uma situação
para que eu flagrasse meu esposo com a amante. O que eu pude perceber foi que todos
me traíram porque nosso grupo de amigos e também nossos familiares sabiam da
vida dupla dele. Todos sabiam, menos eu e nossas filhas. Eu vi, eu chorei
quieta e saí me sentindo humilhada.
Ninguém
foi atrás de mim. Ninguém saiu da festa. Eles tomaram o partido e simplesmente
não me apoiaram. Eu fiquei muito mal e nem sabia o que fazer de minha vida
depois daquilo. Eu pensei em matar, eu pensei em morrer, mas invés de tudo
isso, eu me lembrei de quem nunca me desamparou.
Preferi
conversar com meu Pai. E percebi que se Ele está ao meu lado não importa o
apoio de mais ninguém. Você não irá se sentir sozinho.
Eu
ajoelhei e orei de todo o meu coração. E eu falei sincera e não pensei que Deus
pudesse me tocar tão forte, mas Ele me tocou. E eu disse: “Senhor faz da minha
vida o que for da Tua vontade, Pai.” E Deus me fez crer que eu não precisava me
sentir mal só. Por que Ele estava comigo e tinha um propósito pra minha vida.
Eu não me separei do meu marido. Quando ele chegou em casa as malas estavam
prontas. As malas dele anunciavam que eu não iria aceitar um marido desleal e
infiel. Eu olhei nos olhos dele e percebi que ele não me queria mais. Ele foi
mesmo embora e eu não fraquejei irmãos. Porque Deus estava comigo. Tudo se
perdeu. Minha família ruiu, meu dinheiro acabou e a família ainda me criticou
por causa do divórcio. Era como se eu tivesse pedido pra ser traída. As minhas
primas até falaram que era porque eu não me cuidava, estava gorda e feia,
acabada. Foi péssimo.
Todo
mundo te destrata. Você se sente feia, gorda e acabada mesmo, mas Deus falava
no meu coração: “Força filha, isso é só prova e vai passar.
Você
tem que cuidar das suas meninas. “Eu vou te encaminhar filha.” E eu tive fé, eu
arregacei as mangas e virei diarista. Faxina todo dia me fez até emagrecer. Foi
bom. Perdi todos eles, os desleais.
E
anos depois eu conheci um homem bom, trabalhador, íntegro que Deus colocou no
meu caminho pra mostrar que existe homem de bem espalhado por aí. A gente não
pode aceitar o ruim achando que não pode ter o melhor. Deus coloca no caminho
daquela que se valoriza o melhor homem pra amar e respeitar. Homem simples,
pedreiro, que tem calos nas mãos e meiguice no olhar. E eu recebi o meu José
pra ser mulher valorosa.
Eu
agradeço tanto a Deus por tudo o que aconteceu na minha vida. Quando acontece
alguma coisa de ruim nós podemos nos sentir morrer por dentro, mas sempre tem
um bom motivo pra Deus fazer a gente se esforçar e merecer as melhores coisas
da vida. Eu sou jubilosa por tudo o que ocorreu. Levantar a cabeça sempre irmãs
e seguir o caminho reto pra colocar dentro de nossas vidas homens que mereçam
nos amar com sinceridade. Com gratidão Lindalva.
12/02/2017
Foto cedida por - Magno Herrera Fotografias
"Agradecer tudo o que se tem é fundamental"
Não
dava pra entender o que levou uma mulher tão equilibrada a largar tudo e sumir.
Estivemos juntos por dez anos e eu nunca percebi os seus planos, o que se
passava em sua mente. Isso me leva a crer que nós nunca conhecemos alguém por
inteiro. As pessoas só permitem que acessemos o que desejam nos mostrar.
Todos
nós somos assim. O fato é que tínhamos uma família. Quatro filhos. Quando tudo
aconteceu meu mais velho tinha quinze anos. Era uma escadinha e foi difícil
assumir todos eles sem a mãe. Um belo dia eu cheguei em casa e não tinha nada,
nem uma peça de roupas sequer. Os meus filhos estavam na escola e estavam em casa
se virando porque a mãe havia sumido. Pode?
Eu
pensei morreu por aí, foi atropelada. Sequestraram a pobre. Chorei e não sabia
se ia atrás dela ou se cuidava das crianças. Todo mundo com fome é triste.
Passaram meses, polícia procurou e eu me virando, consolando a molecada. Com as
meninas foi terrível porque pai cuida de menina de um jeito meio estranho.
Depois de quase um ano ela me aparece toda mudada. Eu já tinha dado como morta.
Sofri demais, eu e os meninos. Quando olhei pra ela e percebi que ela tinha
fugido, ela tinha mudado e estava toda faceira, cabelo diferente... Quis
avançar nela, a vizinha que salvou. Eu senti uma dor no meu peito. Preferia que
tivesse morrido mesmo, teria sofrido menos sabe? Não é maldade, mas fingir que
se é extremamente bom deste lado é muita hipocrisia.
O
que manda é a consciência e a minha me conhece bem. Posso falar que não quis
aquela mulher nunca mais. Tentei evitar que ela visse meus filhos, mas me
covenceram a permitir a aproximação dela. Eles ficaram do meu lado. Eu não
queria ver o que meus amados sentiram. Os olhos de mágoa e decepção. A história
dela foi pior porque afirmava que merecia uma vida melhor e sabia que eu não
podia proporcionar, então ela foi viver destino dela, sem a gente. Que mãe!
Perdão nestas horas é difícil.
Eu
vive amarrado nesta situação por décadas. Vivi ao lado dela mesmo depois do meu
desencarne porque eu não aceitava tudo aquilo. No fim Deus concede a
oportunidade de sermos salvos e poder reparar tudo, mas eu falo que as pessoas
ferem sem pensar, ofender sem querer, machucam e modificam uma trajetória
porque tem a necessidade de serem felizes. É falta de lógica. Nós tínhamos uma
família linda e eu trabalhava com alegria pra levar o melhor que podia oferecer
e pra quê?
Fui
abandonado por uma ilusão. Sei que meus filhos nunca superaram isso. Eu sinto
muito por nossas vidas. Eu colhi porque sempre existe um motivo para os
sofrimentos, mas isso não torna tudo o que houve mais ameno. Hoje ainda procuro
o perdão, não sei como fazer. Orem por mim porque é difícil sentir.
Cintra
18/02/17
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Parecia
alucinação, loucura. Eu não desejo pra ninguém. Não faz sentido. É como se você
vivesse num mundo à parte. As coisas reais se confundem e a gente começa a
passar vergonha em público, por isso, quando percebe já se isolou.
É
complicada a sanidade mental, é uma linha tênue. Eu não tinha como saber que
era médium. No local onde eu vivia as pessoas nem sequer sabiam disso e eu me
deixava levar pela religião da minha família. Tinha medo que pudessem me
internar, então fingia que não via ninguém, mas que medo.
A vida passou assim até que eu percebi que do
mesmo jeito que aparecia gente querendo falar comigo, pedindo ajuda que eu nem
sabia como ofertar, também aparecia amigos que tentavam me orientar, graças a
Deus.
Todo
mundo sempre recebe pessoas bondosas que tentam ajeitar as coisas pra gente não
se perder. Hoje vocês têm tanta modernidade. Tem meios de estudar e aprender.
Tem religião que ensina e orienta, coloca no caminho certo pra disciplinar e
pode trabalhar em função dos semelhantes.
Ainda
tem gente que se perde. Nem sei como porque tudo depende da vontade de
melhorar. Eu não digo que seja obrigada a isso ou aquilo, mas se Deus permitiu
este contato tão facilitado deve ter um motivo. No meu caso demorou muito pra
entender que era pra salvar alguém. Eu já estava com trinta e dois anos quando
um jovem foi tomar banho de rio.
Naquele
dia eu acordei me sentindo tão mal. Eu me sentia sufocar e vinha na minha
cabeça o rio. Fiquei o dia todo assim com muita vontade de ir até o rio. Eu
hesitei e quando foi no outro dia lembrei do sonho que tive com um rapaz
pedindo a minha ajuda no rio. Levantei bem cedo e fui correndo pra lá e
surpresa: ainda deu tempo de tirar o rapaz com vida. Ele bebeu bastante água,
mas conseguiu se recuperar. Professor novinho na cidade. O sujeito não sabia
nadar. A noiva me disse chorando que Deus tinha me colocado no caminho deles
porque ela estava grávida. Ficou tudo bem e eu agradeci muito a Deus porque
havia ajudado a salvar a vida dele com a minha sensibilidade.
Acreditem,
depois disso, eu nunca mais tive comunicações. Terminei o resto da minha vida
vivendo com normalidade. Até me senti estranha. Hoje eu entendo que Deus tem um
caminho pra todos nós. Todos somos importantes para Ele e quando é necessário
Ele pode interferir muito na vida de uns para beneficiar outros. Por isso que a
gente tem que se deixar conduzir nos barcos que Deus coloca nas nossas vidas
independente das marés, sem medo. Com gratidão Maria
Auxiliadora.
18/02/17
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A minha vida foi dureza gente.
Trabalho noite e dia. Tanto que eu nem conseguia pensar que aquilo podia ter um
motivo de ser. A gente só vive porque levanta ta escuro, dorme ta de madrugada
e o cérebro não questiona nada só executa no automático mesmo.
Correria
pra pagar conta e comprar comida pra família. Não deu tempo de casar. Eram
muitos irmãos, pais idosos e eu uma mulher acabada pelo trabalho árduo ia
arrumar marido onde? Com que atrativos? Não tive paciência pra isso não. Vive
trabalhando.
As
marcas no rosto que evidenciavam o cansaço e o desgosto. Sem sorriso só
esforço, mais nada. Depois de alguns anos passei a vender pastel numa
barraquinha perto da feira e foi aí que as coisas melhoraram porque adoravam o
meu pastel. Eu melhorei minha situação e consegui até comprar casa pra gente.
Mas por que tudo isso?
Morri,
fui enterrada e só. Quando de repente me vi em outro plano e com a mesma
cabeça, não tinha pra onde ir e nem sabia o que fazer. Uma dor desgraçada por
causa da úlcera. Como faz falta não pensar nisso quando se está no corpo. Eu
acredito, por tudo o que aprendi aqui, que todos nós podemos mais do que isso.
Eu desperdicei algumas chances preciosas. Eu me afastei do meu plano inicial.
Estava tão entorpecida por causa dos meus afazeres e das minhas preocupações
que quando percebi já tinha desencarnado e não fiz nada que devia. Isso me
atrasou porque ainda sofri vagando, perdida por aí, sem noção da realidade e
dos meus reais deveres.
Hoje
eu sei que será concedida nova oportunidade. Eu estou me preparando para não
falhar. Devia ter formado família, mas não segui os planos. Todo mundo tem um
plano, às vezes, nós sabemos, outras não, mas todo mundo tem motivo pra
reencarnar, tem reparos e provas pra enfrentar.
Ter
que usar a intuição. Entrar em contato
com a própria essência, ouvir o coração. Quando se está no caminha a gente
sente satisfação e não desânimo. Coragem e fé.
Evanilda
18/02/17
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O
tempo passou muito rápido. Fui tão feliz! Como fui feliz. Tive amigos leais,
família amorosa e tudo o que alguém pode desejar na última existência. Nem tudo
tem que ser ruim, mas depende da vontade de acertar e produzir no ambiente que
se frequenta um mundo harmonioso pra todos que estão a nossa volta. Eu me
preparei muito e, sabendo do amontoado de questões que tinha pra resolver, eu
me esforcei.
Nasci
numa família grande, tinha vários irmãos e irmãs. Trabalhei na roça e arrumei
um marido que bebia tanto que perdia a noção de quem era. Algumas vezes, quando
era contrariado, ele me batia até deixar caída no chão. Perdi bebê por causa de
surra. Fugi com duas crianças e me casei de novo com o homem da minha vida. Um
marido que foi um companheiro e um amigo maravilhoso.
Moramos
na favela e passamos fome. O telhado ruiu e tivemos que nos abrigar na carroça
por causa da chuva (risos). E quando o dia chegou com uma manhã esplendorosa
demos graças a Deus e fizemos o telhado novamente com o que nos deram os
vizinhos.
Tive
mais cinco filhos e apesar de todas as nossas dificuldades eu agradeci todos os
dias pela família que eu tinha. Trabalhei de passadeira, de faxineira, vendi
verdura na praça, catei latinhas e desencarnei por causa da diabetes que eu nem
sabia que tinha. Fui tão bem socorrida e estou aqui na colônia com muitas
amigas desejando sempre saúde e fé por meus familiares.
Eu
consegui. Então compreendam que eu não tive nada que fosse fácil, eu não tive
nada de meu, mas tive tantos momentos risonhos. Tanta gente boa passou por mim
e se fez minha amiga. Recebi Espíritos afins como filhos e consegui encontrar
um antigo afeto que me desposou no segundo casamento. O que mais eu poderia
querer?
Agradecer
tudo o que se tem é fundamental. Sermos gratos oportunidades. Sermos
agradecidos a tudo o que o Pai nos concede. Só eu sei que poderia ter sido
muito pior. Agradecida desejo a todos a paz do Senhor.
Filomena
18/02/17
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Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
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Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
" Nós somos construtores do nosso próprio Destino"
Nos
deixamos levar pelo momento. Fomos levianos e não consideramos a vida como
deveríamos. Meu Deus! Como eu me arrependi. Não precisou de muito tempo para
que eu despertasse da insanidade que havia cometido e me arrependesse
amargamente dos meus erros.
Eu era
tão jovem, embora sei que isso não justifica nada o que tenha feito. Eu o
conheci na infância e despertei por ele um sentimento maravilhoso, me deixei
levar. Descobri os afagos que uma mulher pode receber e engravidei. Nós não
tínhamos condições de ter um filho, de criá-lo e eu me deixei levar. Quando a
tia do Roni soube da minha gravidez ela fez de tudo para me influenciar e eu
cedi.
Ela
conversou com meus pais e afirmou que eu poderia me mudar para a casa dela para
estudar e eles aceitaram. Após o nascimento da criança ela se comprometeu em
arranjar um lar para meu filho. Um local onde ele, certamente seria criado de
forma adequada, tendo tudo o que eu não poderia dar. Ela arrumou uma família
que vivia fora do país, nem sei como conseguiu fazer isso e logo após o
nascimento do menino, ele foi embora. Eu nunca me esqueci daquele cheiro.
Cheiro de filho.
Eu
voltei para casa dos meus pais e nunca mais quis saber do Roni, talvez porque
ele me confirmava a péssima pessoa que fui. Eu olhava pra ele e via os olhinhos
daquele bebê. Eu me perguntava se ele estava sendo bem tratado ou se era feliz.
Eu tive família, tive esposo e filhos, mas é incrível como os erros que
cometemos não saem de nossa cabeça, não importam os acertos que tenhamos
realizado.
Deve
ser, por isso, que a consciência nos impulsiona para o local que devemos ir
após o nosso desencarne. Nós somos nossos próprios juízes. Eu sofri mesmo.
Vaguei, peregrinei por décadas. No local onde estive também estavam muitas mães
que abandonaram seus filhos. Muitas que fizeram aborto, muitas mães terríveis
que exploravam filhos. As cenas eram confusas porque as formas pensamentos as
acompanhavam tão reais que até me confundiam. Justo eu que estava tão
enlouquecida de remorso e frustração.
Adivinhem
quem me socorreu... Meu filho. O bebezinho que dei. Ele me sustentou em seus
braços e me tratou com tanto carinho que me fortaleceu num restabelecimento
rápido. Após todo o tratamento soube que a tia do Roni recebeu uma boa quantia
pela entrega do bebê e que ela também teria de resgatar no tempo devido. O meu
filho recebeu sim, uma boa família que o criou como filho legítimo. Ele apenas
soube do que ocorreu na espiritualidade para me beneficiar. Não era pra
estarmos juntos nesta vida.
Os
planos de Deus não falham. Ele era mesmo o filho daquela família, não meu. Eu
só servi para a procriação, para permitir o seu reencarne. Tudo é adequado nos
planos de Deus. Beijem seus filhos, agradeçam a Deus por tê-los. Bendita
oportunidade que têm de poder estar com eles.
A dor da ausência é inesgotável. Que Jesus abençoe vossos lares.
Vanessa
25/02/17
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Eu
culpava o governo. Acreditava que todos mereciam usufruir do que é bom. Eu
gostava de possuir as coisas. Adorava as lojas caras, roupas de grife, sapatos
caros, bolsas finas, mas eu não nasci rica, nem me apaixonei por um homem que
pudesse me dar o que desejava, então, o jeito foi pegar o que eu acreditava que
me pertencia.
Meu
esposo Leonardo era um homem lindo e muito sedutor. Eu também não ficava atrás.
Vocês poderiam nos denominar como estelionatários ou qualquer coisa do tipo,
criminosos, ladrões. Nunca matamos ninguém, mas ferimos os cofres e causamos
muita revolta em várias pessoas que nos amaldiçoaram com seus pensamentos de
vingança.
Eram
atos tão simples. As pessoas são distraídas e nós roubamos sem que muitos se
dessem conta e ostentamos uma vida de pessoas luxuosas por um bom tempo. A
questão é que este mundo só pertence mesmo aos encarnados enquanto se acham
espertos com todas as futilidades que podem conquistar. O que é pior de tudo é
que eu comecei a me dar conta das tolices da vida quando em uma casa eu fui
incrivelmente bem tratada enquanto uma senhora que estava lá fazia um vestido
sob medida para uma amiga rica.
Inversão
de valores. Ela que estava trabalhando com afinco foi tratada com rispidez por
sua situação humilde e eu fui tratada com pompa e circunstância antes de levar
vários cartões de crédito daquela rica. Isso me chamou a atenção e tudo piorou
após meu desencarne. Eu me vi sozinha, não tinha comigo nem um bem, nem um
sapato e nem mesmo roupa de grife. Foi estranho quando percebi que estava
descalça e esfarrapada. A minha mente me afirmava que eu não tinha nada, nenhum
valor. Passei fome e fui obrigada a vasculhar as latas de lixo, chorei com
frio, tive horror do meu estado, tão suja e fedorenta. Foi tanto tempo que
desejei uma vida simples. A vida que tinha na roça quando tinha que plantar pra
comer. Lembrei da mãe e ela apareceu com um pente na mão, arrumou meus cabelos
e disse que viria de novo se eu tentasse melhorar. Não foi de uma hora pra
outra que eu pude ser socorrida porque eu tive que entender que deveria
valorizar este socorro. Faz uma grande diferença conversar com as pessoas sobre
tantas coisas. Eu precisava entender que não é o que se tem que importa, mas quem
se é. Ainda é difícil pra mim. Eu devo retornar numa situação de posses.
Ter
tudo pra saber valorizar o simples da vida. Ser virtuosa apesar de minhas
posses. Eu não queria peregrinar de novo, então estou me esmerando pra aprender
tudo o que for possível ainda deste lado. Torçam por mim.
Cleonice
25/02/17
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Eu
li, reli e mesmo assim não conseguia acreditar. Não podia aceitar que as coisas
pudessem nos comprometer tanto assim. Nós tínhamos a nossa casa e, de repente,
não era mais nossa. Eu pensei no que poderia fazer por meus filhos.
Pra
onde poderíamos ir?
Eu
não tinha ninguém, pai, mãe, ninguém. Só um monte de crianças que precisavam de
um teto. Meu Deus! Com a carta na mão falando da desocupação eu quase morri de
tanta tristeza. Eu sei que pra muitos isso pode não parecer nada, mas pra mim
foi um calvário. O danado do meu marido perdeu tudo no jogo. Bêbado e viciado
em jogo. O que mais eu poderia querer?
Juntei
nossas coisas. Não podia levar muito, não ia conseguir carregar e aproveitei
pra largar o miserável. Deixei tudo na casa, ele e quase todos os meus
pertences. Fui pra debaixo da ponte com três crianças. Ainda tinha emprego e
tentei não perder, mas não teve jeito. Chegava pra trabalhar com cheiro ruim,
suja de dormir no chão. Perdi o emprego.
Ninguém
pensa nisso?
Como
que morador de rua pode ter emprego? É muita discriminação gente. O jeito foi
pedir dinheiro no farol com meus meninos. Choro até hoje de lembrar. Eu não era
pedinte, eu era doméstica, mas a vida foi assim. Só que ninguém está sozinho
nesta vida. Precisei levar meu garotinho pro pronto socorro, ele estava com
muita febre e o médico conversando comigo percebeu que eu não era marginal. Ele
se compadeceu da nossa situação e me ofereceu um emprego no hospital na área da
limpeza. Falou que tudo daria certo e eu aceitei.
Aluguei
um quarto e fui vivendo até que tudo se resolveu e nós superamos a fase ruim. A
questão é que podem acontecer coisas terríveis na vida de qualquer um, mas nós
não podemos nos deixar contaminar pelos desgostos da vida. Perseverar em Deus
que Ele sabe das nossas carências. Existem provas para todos nós. Todas elas
são adequadas, mas nunca é maior do que a gente pode superar. Que Deus abençoe.
Odete
25/02/17
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Não
tem como viver e não sentir os prazeres da vida. Eu ainda acho difícil. É tudo
bom. Coisa boa pra todo lado. Comida boa, bebida boa, prazeres da carne que não
deixam a gente viver sem isso. É igual criança quando experimenta doce, só quer
doce. E comigo foi assim.
Fui
destruindo tudo. Sistema digestivo, cardíaco, engordei tanto. Um homem com
quase duzentos quilos, imagina. Chegou uma hora que quase não me movia. Era
como se eu estivesse me suicidando aos poucos. Eu imaginei um porco sabe? Me
envenenei. Tudo errado.
O
fim vocês já podem imaginar, mas pior foi antes disso quando se vive sozinho.
Quando as pessoas têm vergonha de você e não te chamam pra nada. Quando as
pessoas que você considerava não te visitam mais. O gordo que é engraçado até
vai, mas aquela coisa grande que não anda quem quer? Eu desencarnei jovem
demais. Não fiz nada.
Só vontade de me envolver com mulheres e viver
como gente normal, mas não pude e os pensamentos não são bons porque provam que
a gente é doente não só do corpo, mas do Espírito. Eu fui abandonado por todos,
mas primeiro por mim, nem sei como aconteceu. Tinha uma tendência, mas não
achei que pudesse acontecer comigo. Quando desencarnei fui arrastado pra áreas
onde as pessoas eram viciadas de todos os tipos. Eu desejava comer desenfreadamente
e não se percebe as coisas por tamanha confusa mental.
Depois
do socorro eu precisei de tratamento para modificar minha condição
perispiritual porque você aceita que é daquele jeito e é difícil voltar a ser
normal. Eu ainda faço tratamento com o doutor Erasmo.
Ele
me ajudou com a equipe e hoje eu já consigo me permitir caminhar mais livre. Eu
reduzi o meu tamanho pela metade, mas ainda falta bastante coisa pra minha
alta. Nem sei como será meu regresso. Não devo pensar nisso agora. Me
concentrar apenas no hoje e ter fé no meu reestabelecimento. Orem por mim.
Humberto
25/02/17
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