Cartas de Fevereiro (16)

Foto cedida por - Magno Herrera Fotografias

"Ação agora e fé sempre"

Foi um alívio. Eu me sentia num cárcere. Dores terríveis e uma ilusão de que tudo poderia ser modificado. Não havia solução pra mim naquele corpo. Os familiares pediam, inutilmente, para que Deus me curasse e eu pudesse me erguer do leito hospitalar. Eu estava internado há tantos meses e apesar das inúmeras tentativas nada resolvia o meu estado de putrefação.

Foi horrível. É como se eu estivesse apodrecendo em vida e eu exalava um cheiro forte e insuportável daquelas feridas. Ah! Como nós temos o olhar limitado meus irmãos. Os meus amados se detinham a pedir que eu me reerguesse, tamanho amor que tinham por mim, mas o correto é pedirmos para que seja feita a vontade do Pai porque só Ele para saber quando a nossa prova se encerrou.

A minha durou meses, mas um dia teve fim e eu diria a vós que foi um dia abençoado. Não encarem a morte com tristeza porque no meu caso foi uma alegria imensa, um júbilo poder me livrar daquela prisão horrível. Era como se eu houvesse me tornado uma borboleta. Eu me senti tão livre e bem.

Confesso que, por vezes, as sensações das feridas ainda me incomodavam e necessitei de um período de tratamento para me conscientizar que sou saudável e perfeito, assim, aos poucos foram desaparecendo os vestígios daquela última provação. A lei de causa e efeito é perfeita como tudo o que é divino. Eu não dei o devido valor ao corpo que recebi. O corpo que deve ser mantido como vaso sagrado que nos conduz para os ajustes necessários. Eu danifiquei o meu aparelho condutor por simples imprudência.

Desejava sentir os prazeres que ele poderia me proporcionar. E existem tantas maneiras de conseguir isso. Na juventude fiz tudo o que podem supor em matéria de prazeres. Sexo, drogas e fui me aniquilando. Quando consegui um pouco de juízo já era tarde. Nada disso tinha a ver com meu plano reencarnatório que era simples, mas adequado para minha evolução.

Eu deveria ser um excelente pai de família. Não estava no meu plano um desencarne tão sofrido. Isso eu adquiri com as imprudências da atual existência, mas poderia ter ficado para uma outra. A questão é que o corpo ficou tão seriamente comprometido que cientificamente foi muito natural tudo o que me ocorreu. Eu sinto por meus familiares. Acredito que sofreram muitíssimo com tudo.

Eles me amam e são pessoas excelentes, por isso, acredito que não errei de todo e consegui o amparo que me fez chegar até aqui. Eu desejo a vocês toda sorte para que possam trilhar com confiança no projeto que firmaram com a espiritualidade. Com respeito.
Eliseu
05/02/17

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Foi tudo tão perfeito. Acredito que todos os anos em que necessitei passar por tratamentos de saúde me auxiliaram para que me tornasse uma pessoa melhor. Eu tive o privilégio de conhecer pessoas que tinham sofrimentos muito maiores que o meu e elas sorriam, eram afetuosas. A doença é uma prova boa para quem precisa depurar o Espírito.

As pessoas começam a pensar diferente sobre muitas coisas. O que era importante antes da doença vira banalidade depois. Eu queria viver, eu queria praticar esportes, mas meus pulmões não permitiram. A doença se instalou quando eu era adolescente e a fibrose cística não me permitiu realizar algumas pretensões simples, tudo bem.

Eu conheci tanta gente e apesar de tudo a vida me sorria. Tive os melhores anos da vida no hospital com minhas amigas que estavam no leito. Estranho né? Acho que quem é esperto usa as oportunidades que têm para vivenciar o que tiver de ser. Eu não tinha tempo pra reclamar ou para ficar questionando os porquês. Eu queria existir no mundo e então decidi fazer o melhor que podia.

Uma parte do tempo ficava no hospital para me tratar e a outra parte eu era uma pessoa quase normal porque eu tinha limitações, mas quem não tem? Acho que existem limitações piores do que as limitações físicas. Por exemplo? As limitações morais.

Não que eu não as possua, mas existem pessoas que se acham perfeitas e se acham seres superiores por causa disso e eu nem ligo pra elas porque são insuportáveis. Ninguém nem consegue ficar perto. É muito chato quando alguém é arrogante e afirma que sabe de tudo, por isso, a humildade é tão linda né? É lindo ser humilde. Tem tanta gente que é belo ou bem inteligente, mas é tão simples que dá gosto de ficar junto.

Eu tive uma amiga assim, a Clara. Sou muito grata a ela que nunca sentiu vergonha de estar comigo, apesar da minha aparência ou das minhas limitações. Eu agradeço muito os meus familiares que nunca me deixaram sentir menos que ninguém. Eles sempre me capacitaram para viver na igualdade e isso é show. Eu fui feliz e hoje sou mais feliz ainda. Sinto saudades de todos, mas faz parte da vida sentir saudades. Acho que Deus sempre nos reuni com os que amamos e isso me conforta.

Não desprezem as pessoas pelos seus defeitos ou por suas limitações. O que é determinado em uma existência pode não ser em outra e nós nunca sabemos de que lado nós estaremos. Com gratidão.
Isaura
05/02/17

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As situações foram permitindo que nos afastássemos. Eu não desejei que fosse assim. Eu via você e não acreditava como conseguia ser tão bela. Eu não cansava de admirar. Tentava controlar minha fúria quando outros rapazes olhavam pra você, mas eu sabia o que eles estavam pensando e isso me irritava ainda mais. Por que as pessoas que são bonitas gostam de esnobar as outras? Eu percebi.

Fiz de tudo pra você continuar ao meu lado, mas não consegui. Você se aproveitou da situação e terminou tudo comigo. Doeu, doeu tanto que eu chorei, gritei. Não queria mais viver. Pensei no que poderia fazer pra consertar tudo o que havia rompido conosco e decidi te procurar. E eu nunca deveria ter feito isso porque naquele dia você me arruinou quando disse as suas verdades, quando me feriu com suas palavras mesquinhas. Pra quê? Não precisava ofender.

Então eu armei um plano pra que ela voltasse pra mim. Eu iria ficar uns dias com ela e só com ela pra que pudéssemos nos aproximar, mas quando cheguei na escola, eu a vi com outro num carrão. Eu entendi o fim do nosso romance. E eu voltei pra casa decidido a acabar comigo e consegui.

Uma imprudência que me fez sofrer por décadas. Nós éramos tão jovens e eu também tinha planos e sonhos. Eu tinha uma vida e um plano pra concluir e interrompi tudo porque perdi a cabeça.

Orgulho e vaidade é verdade são os males da humanidade. Resta dizer que após ter sido socorrido pelos apelos de minha mãe eu pude colocar as ideias em ordem. Eu ainda me recordo de tudo com pesar. Ainda estou em tratamento psicológico e nem tenho ideia da minha alta. Ainda me faz doer lembrar dela. Claudia. Se passaram sessenta anos e ela ainda vive encarnada. Tem casa, marido, netos e se lembra vagamente que existi.Dói.

Eu pude escrever por uma simples proposta. Aos jovens, eles devem ser ensinados a amar de forma delicada sem ferir os sentimentos uns dos outros. Se sabemos que todos têm questões pra resolver e se sabemos que ainda estamos impregnados do mal. Todos nós devemos estar unidos no propósito de espalhar amor. Eu não posso culpá-la porque eu também não soube amar. E isso precisa de mudança no comportamento de todos pra que as moças se resguardem e os rapazes as respeitem. Para que todos possam ser mais indulgentes com os sentimentos alheios. Amor e respeito talvez sejam a solução. Pelo menos eu queria que tivesse sido assim. Hoje eu desejo a ela uma vida feliz, me esforço pra não pensar em nada disso, mas estou sendo orientado pra observar a situação de forma consciente.

Aprender a elevar minhas virtudes é uma proposta sábia diz meu orientador Erasmo. Eu agradeço pela paciência que ele tem tido comigo e também por dividir com todos o meu relato. Abraços 
Júnior
05/02/17

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São sempre as mesmas coisas, os mesmos manifestos e as mesmas inclinações. Vejo por toda parte pessoas que reclamam tanto, pessoas que afirmam que tudo poderia ser corrigido assim ou assado, mas o que eu mais vejo são pessoas de braços cruzados.

Por que perdem tanto tempo?
Se há tanto a fazer?

Pessoas que podem produzir e por que não dizer pessoas que tem tanto potencial evolutivo e se amontoam sobre o nada. Já que aqui se pode afirmar uma realidade de consciência diremos o que quisermos.

A liberdade da conscientização de uma mente eterna. Muito obrigada. Por que não chegou antes?

Perder tempo com julgamentos... O que irão dizer? As pessoas têm que trabalhar. Os bons devem se assumir e pregar, falar sobre a verdade. Verdade de Jesus. Insistir na realidade da justiça, do amor e da caridade que salva todos nós e nos uni como irmãos do reino de Deus. Por que o constrangimento de se assumir cristão e fingir ser diferente para agradar quem?

Se todos nós evoluímos individualmente e não importa o que achamos de nada quando estamos na própria trajetória. Ser conscienciosos de nosso papel na sociedade e no lar e termos a certeza de que toda omissão também aciona uma reação no universo.

Quando somos omissos com nossos filhos porque é mais fácil deixar pra lá. Quando somos omissos com nossos cônjuges porque é cansativo ouvir. Quando somos omissos no trabalho porque logo bateremos o ponto e retornaremos para o lar.

Enfim, tudo o fazemos de qualquer jeito também aciona uma lei no universo e nós somos responsáveis por todas as escolhas que fazemos. Nós e só nós podemos caminhar para o plano que foi proposto e evoluirmos um pouco mais desta vez.

Lembrando irmãos que há apenas um Deus que é Pai de todos nós e só Ele pode nos receber em Seus braços. Todas as escolhas que fazemos dizem respeito a nós e nenhum Espírito pode resolver os assuntos que deixamos pendentes, assim como também nenhum deles terá tanta força para nos destruir se estivermos invencíveis do lado certo que é nos braços do Mestre Jesus. Se estivermos empenhados em caminhar na linha do bem e da bondade.

Se nós estivermos interessados em penetrar pela porta estreita e abandonarmos pouco a pouco nossas mazelas adquiridas no pretérito. Todos nós poderemos triunfar se houver interesse, empenho e trabalho árduo. Ação agora e fé sempre.
Antônia

05/02/17

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" Nós somos construtores do nosso próprio destino"

Lealdade é uma linda virtude.
Pena que poucos seres humanos sabem expressá-la. Eu tive um marido que foi o meu grande amor nesta última existência. Dediquei a ele os melhores anos de minha vida e tive com ele uma bela família que até hoje me deixa feliz.

Durante os anos em que estivemos juntos eu tive ânimo e disposição para auxiliá-lo em tudo. Além de desempenhar as tarefas relacionadas à minha missão de mãe e de esposa, eu também o auxiliava na renda familiar porque juntos tínhamos um pequeno negócio que provinha todos os recursos de nossa singela família. Nós não tínhamos posses, tudo era conquistado com enorme sacrifício.

A questão é que depois de alguns anos de trabalho árduo nós conquistamos certa estabilidade financeira que fez crescer os olhos de algumas ninfetas da cidade e isso deixou o marido vaidoso e fascinado. Que pena! Quanta ilusão. Pensar que aqueles rostos jovens poderiam amá-lo mais do que eu que sempre fui sua companheira e que abdiquei de conforto para dar duro com ele, ao seu lado.

Ele me traiu. Tirou tudo de mim. Me fez assinar alguns papéis abrindo mão de meus direitos e quando percebi ele tinha ido embora com uma delas. Fiquei arrasada. Não porque eu fosse insegura e amedrontada com a situação financeira, não por isso, mas porque eu me senti usada. Eu me senti envergonhada de ter me deixado enganar por aquele homem que dormia ao meu lado. A quem eu dediquei meus afetos, meus carinhos e dei parte dos meus filhos a ele. Filhos estes que não sabiam do pai e que também foram abandonados, ficaram sem nada tanto quanto eu.

E vocês podem se questionar onde está a justiça de Deus. Eu respondo que atraí para minha vida a prova de sentir na pele o que um dia, em vida pretérita, fiz uma grande amiga sentir quando roubei o noivo dela. Eu senti o sofrimento de ser enganada e ser abandonada por quem se ama.

Valeu! Mas ai daquele que causar o escândalo... O Gerson poderia ter escolhido manter-se fiel, ser leal aos propósitos do matrimônio. Ele poderia ter escolhido a família, ao invés da aventura. O Gerson tinha o seu livre arbítrio respeitado pela lei e, ainda assim, ele me prejudicou. Eu entendi que havia um motivo para eu vivenciar aquela tristeza toda, mas ainda assim, sabemos que quando seguimos o lado certo as pessoas não são prejudicadas desta forma.

Eu sei que é confuso porque cada vida é única e eu nunca mais vi o Gerson, não sei dele. Sei que eu batalhei muito para alimentar os meus filhos e eu só fiz crescer moral, espiritual e até materialmente porque a vida conspirou para me favorecer, ou seja, quando se faz o bem se colhe o bem e ninguém nunca está sozinho. No meu caminho apareceram muitas pessoas para ajudar e os meus meninos cresceram me apoiando. Todos nós sofremos com a separação, mas nos unimos e nos fortalecemos em Deus e Ele nos impulsionou. Eu desejo que vocês possam vivenciar a lealdade e jamais desejem ser felizes às custas da infelicidade alheia. Quem recebe o mal sofre muito e não desejo que ninguém passe pelo que nós passamos.
Solange
12/02/2017

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Eu estava acompanhado de muitos amigos e juro que naquela noite nós só pensamos em nos divertir. Sabe como é cabeça de jovem... Eu queria viver o momento. Vim de uma família que fazia tudo pra mim. Pais maravilhosos que me deram uma boa educação. Eu não precisei trabalhar. Pude me dedicar unicamente aos estudos e em dias de comemoração ou feriados, eles deixavam nossa casa de campo ou a de veraneio a disposição do que eu desejasse fazer com meus amigos.

Nós fomos à praia, mas se a gente não coloca um pouco de tempero na comemoração a coisa fica muito sem graça e foi isso o que nós fizemos. Eu não imaginava que ia acabar atrapalhando tanta gente. Foi uma confusão. Bebida demais e uns caras irresponsáveis só podia terminar em coisa errada. A casa começou a incendiar e eu nem sei como o fogo começou. A gente não se preocupou muito porque a mamãe vivia reformando a casa e ela não iria se importar se arrumasse uma boa explicação. O problema foi que o caseiro apareceu morto. No dia seguinte a gente ainda tava um pouco confuso, sonolento quando apareceu a viúva chorando. Viu a casa toda queimada e gritava sem parar:
-Cadê o Manuel? Seu bando de riquinho metido a besta. Vocês mataram o meu marido.
Cara eu nem pude acreditar quando entendi o que ela estava afirmando. Comecei a suar frio e liguei pro meu pai. Num instante ele estava no local e deu policia, foi um horror. A coisa toda acabou com um alto valor pago para indenizar a família porque o meu pai conseguiu provar que foi um acidente.

Este não foi o fim da história porque muitos anos se passaram depois disso. Eu envelheci e vivi mais cinquenta anos. Constitui família, me tornei um homem respeitado e quando imaginei que ninguém tivesse conhecimento desta historia me deparei com o sujeito, o Manuel.

Desencarnei vítima de um infarto e logo que fiz a passagem vi o Manuel do mesmo jeito que estava quando o encontraram. A imagem horrível de se ver. Imagem que me perseguiu por mais algumas décadas até que eu admitisse o quanto fiz mal a ele e a sua família. Eu não sabia que era desta forma, mas nada fica impune. Todo erro terá uma consequência. Todo mal terá uma paga. Não é castigo, é ressarcimento entendem? Demorou muito pra que nós conseguíssemos nos separar e hoje, depois que fomos socorridos nos tornamos cúmplices de um erro.

Perseguido e perseguidor que devem caminhar juntos para resgatarem com amor. Ele será meu filho para que eu possa cuidar dele. Virá com algumas lesões na pele porque ainda tem dificuldade para se ver inteiramente saudável após os ferimentos causados pelo fogo e eu como seu pai deverei cuidar e proteger. Eu deverei me esforçar para que ele possa restabelecer suas funções no corpo físico, deverei procurar tratamentos adequados para ele. Eu não sei se conseguirei. Eu já falhei e me sinto inseguro. Não existe recusa, nós iremos, mas sei o quanto me custará. Rezem por mim, por favor. Alexandre
12/02/2017

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Eu sempre soube que não seria para sempre. Tinha medo de me sentir tão feliz porque no fundo sabia que era demais pra mim.

Eu só agradeço todos os dias que tivemos juntos e tudo o que você fez pra me amar. Eu nem me sentia merecedora de tanto afeto. Saiba que aqui tenho tudo o que preciso pra ser feliz, só me falta o seu carinho e a doçura da minha mãe. Pense em ser feliz Emílio. Sorria mais. Não me condene porque eu não desejei desencarnar. Eu sei que quando nós estamos deveras entristecidos e cansados nós nos entregamos ao desânimo e pensamos injustiças de todos, então eu não ligo, mas me sinto desconfortável por você. Almeje coisas boas meu amor.

Saia de casa e retorne para o seu trabalho. Você ainda encontrará uma pessoa muito boa que te fará feliz e eu desejo a sua alegria, o seu bem estar. Quando o câncer chegou ele destruiu os meus sonhos de maternidade e estava tão avançado que não achei adequado contar pra vocês. Eu não queria que me vissem definhando e tivéssemos destruídos nossos momentos felizes, foi por isso que não contei. Eu tive o melhor de uma vida. Tudo o que poderia desejar.

Foi na prova. Não foi falta de perdão, nem nada disso que poderiam falar. Foi apenas prova e eu fui muito bem recebida onde estou. Vovó Leocádia está comigo e ela me encaminha em todos os serviços que já posso desempenhar. Eu estou muito bem, mas não posso seguir em paz sentindo a sua infelicidade. Acredite que a morte não é o fim. Ela nem mesmo existe.

Eu continuo viva. Eu existo e te amo meu querido tanto, tanto. Não posso desejá-lo. Eu não posso retornar porque cada um de nós deve permanecer no local adequado para sua trajetória do momento que será sempre individual, mas se Deus permitir que os nossos caminhos se cruzem novamente eu serei tão grata meu lindo.

Diga à mamãe que eu não desejo lágrimas, mas sorrisos porque pudemos estar juntas mais uma vez. Com muito amor Sandra.
12/02/2017

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Eles insistiram e eu fui. Nunca imaginei que aquilo era uma trama para nos separar. Eu preferia sofrer a ilusão de ser amada para sempre. Pode ser que não me entendam, mas uma traição nunca pode ser boa.

Eles achavam que eu devia saber que fui traída. Meus amigos armaram uma situação para que eu flagrasse meu esposo com a amante. O que eu pude perceber foi que todos me traíram porque nosso grupo de amigos e também nossos familiares sabiam da vida dupla dele. Todos sabiam, menos eu e nossas filhas. Eu vi, eu chorei quieta e saí me sentindo humilhada.

Ninguém foi atrás de mim. Ninguém saiu da festa. Eles tomaram o partido e simplesmente não me apoiaram. Eu fiquei muito mal e nem sabia o que fazer de minha vida depois daquilo. Eu pensei em matar, eu pensei em morrer, mas invés de tudo isso, eu me lembrei de quem nunca me desamparou.
Preferi conversar com meu Pai. E percebi que se Ele está ao meu lado não importa o apoio de mais ninguém. Você não irá se sentir sozinho.

Eu ajoelhei e orei de todo o meu coração. E eu falei sincera e não pensei que Deus pudesse me tocar tão forte, mas Ele me tocou. E eu disse: “Senhor faz da minha vida o que for da Tua vontade, Pai.” E Deus me fez crer que eu não precisava me sentir mal só. Por que Ele estava comigo e tinha um propósito pra minha vida. Eu não me separei do meu marido. Quando ele chegou em casa as malas estavam prontas. As malas dele anunciavam que eu não iria aceitar um marido desleal e infiel. Eu olhei nos olhos dele e percebi que ele não me queria mais. Ele foi mesmo embora e eu não fraquejei irmãos. Porque Deus estava comigo. Tudo se perdeu. Minha família ruiu, meu dinheiro acabou e a família ainda me criticou por causa do divórcio. Era como se eu tivesse pedido pra ser traída. As minhas primas até falaram que era porque eu não me cuidava, estava gorda e feia, acabada. Foi péssimo.
Todo mundo te destrata. Você se sente feia, gorda e acabada mesmo, mas Deus falava no meu coração: “Força filha, isso é só prova e vai passar.

Você tem que cuidar das suas meninas. “Eu vou te encaminhar filha.” E eu tive fé, eu arregacei as mangas e virei diarista. Faxina todo dia me fez até emagrecer. Foi bom. Perdi todos eles, os desleais.

E anos depois eu conheci um homem bom, trabalhador, íntegro que Deus colocou no meu caminho pra mostrar que existe homem de bem espalhado por aí. A gente não pode aceitar o ruim achando que não pode ter o melhor. Deus coloca no caminho daquela que se valoriza o melhor homem pra amar e respeitar. Homem simples, pedreiro, que tem calos nas mãos e meiguice no olhar. E eu recebi o meu José pra ser mulher valorosa.

Eu agradeço tanto a Deus por tudo o que aconteceu na minha vida. Quando acontece alguma coisa de ruim nós podemos nos sentir morrer por dentro, mas sempre tem um bom motivo pra Deus fazer a gente se esforçar e merecer as melhores coisas da vida. Eu sou jubilosa por tudo o que ocorreu. Levantar a cabeça sempre irmãs e seguir o caminho reto pra colocar dentro de nossas vidas homens que mereçam nos amar com sinceridade. Com gratidão Lindalva.  
12/02/2017


Foto cedida por - Magno Herrera Fotografias


"Agradecer tudo o que se tem é fundamental"



Não dava pra entender o que levou uma mulher tão equilibrada a largar tudo e sumir. Estivemos juntos por dez anos e eu nunca percebi os seus planos, o que se passava em sua mente. Isso me leva a crer que nós nunca conhecemos alguém por inteiro. As pessoas só permitem que acessemos o que desejam nos mostrar.

Todos nós somos assim. O fato é que tínhamos uma família. Quatro filhos. Quando tudo aconteceu meu mais velho tinha quinze anos. Era uma escadinha e foi difícil assumir todos eles sem a mãe. Um belo dia eu cheguei em casa e não tinha nada, nem uma peça de roupas sequer. Os meus filhos estavam na escola e estavam em casa se virando porque a mãe havia sumido. Pode?

Eu pensei morreu por aí, foi atropelada. Sequestraram a pobre. Chorei e não sabia se ia atrás dela ou se cuidava das crianças. Todo mundo com fome é triste. Passaram meses, polícia procurou e eu me virando, consolando a molecada. Com as meninas foi terrível porque pai cuida de menina de um jeito meio estranho. Depois de quase um ano ela me aparece toda mudada. Eu já tinha dado como morta. Sofri demais, eu e os meninos. Quando olhei pra ela e percebi que ela tinha fugido, ela tinha mudado e estava toda faceira, cabelo diferente... Quis avançar nela, a vizinha que salvou. Eu senti uma dor no meu peito. Preferia que tivesse morrido mesmo, teria sofrido menos sabe? Não é maldade, mas fingir que se é extremamente bom deste lado é muita hipocrisia.

O que manda é a consciência e a minha me conhece bem. Posso falar que não quis aquela mulher nunca mais. Tentei evitar que ela visse meus filhos, mas me covenceram a permitir a aproximação dela. Eles ficaram do meu lado. Eu não queria ver o que meus amados sentiram. Os olhos de mágoa e decepção. A história dela foi pior porque afirmava que merecia uma vida melhor e sabia que eu não podia proporcionar, então ela foi viver destino dela, sem a gente. Que mãe! Perdão nestas horas é difícil.

Eu vive amarrado nesta situação por décadas. Vivi ao lado dela mesmo depois do meu desencarne porque eu não aceitava tudo aquilo. No fim Deus concede a oportunidade de sermos salvos e poder reparar tudo, mas eu falo que as pessoas ferem sem pensar, ofender sem querer, machucam e modificam uma trajetória porque tem a necessidade de serem felizes. É falta de lógica. Nós tínhamos uma família linda e eu trabalhava com alegria pra levar o melhor que podia oferecer e pra quê?

Fui abandonado por uma ilusão. Sei que meus filhos nunca superaram isso. Eu sinto muito por nossas vidas. Eu colhi porque sempre existe um motivo para os sofrimentos, mas isso não torna tudo o que houve mais ameno. Hoje ainda procuro o perdão, não sei como fazer. Orem por mim porque é difícil sentir.
Cintra
18/02/17
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Parecia alucinação, loucura. Eu não desejo pra ninguém. Não faz sentido. É como se você vivesse num mundo à parte. As coisas reais se confundem e a gente começa a passar vergonha em público, por isso, quando percebe já se isolou.

É complicada a sanidade mental, é uma linha tênue. Eu não tinha como saber que era médium. No local onde eu vivia as pessoas nem sequer sabiam disso e eu me deixava levar pela religião da minha família. Tinha medo que pudessem me internar, então fingia que não via ninguém, mas que medo.

 A vida passou assim até que eu percebi que do mesmo jeito que aparecia gente querendo falar comigo, pedindo ajuda que eu nem sabia como ofertar, também aparecia amigos que tentavam me orientar, graças a Deus.

Todo mundo sempre recebe pessoas bondosas que tentam ajeitar as coisas pra gente não se perder. Hoje vocês têm tanta modernidade. Tem meios de estudar e aprender. Tem religião que ensina e orienta, coloca no caminho certo pra disciplinar e pode trabalhar em função dos semelhantes.

Ainda tem gente que se perde. Nem sei como porque tudo depende da vontade de melhorar. Eu não digo que seja obrigada a isso ou aquilo, mas se Deus permitiu este contato tão facilitado deve ter um motivo. No meu caso demorou muito pra entender que era pra salvar alguém. Eu já estava com trinta e dois anos quando um jovem foi tomar banho de rio.

Naquele dia eu acordei me sentindo tão mal. Eu me sentia sufocar e vinha na minha cabeça o rio. Fiquei o dia todo assim com muita vontade de ir até o rio. Eu hesitei e quando foi no outro dia lembrei do sonho que tive com um rapaz pedindo a minha ajuda no rio. Levantei bem cedo e fui correndo pra lá e surpresa: ainda deu tempo de tirar o rapaz com vida. Ele bebeu bastante água, mas conseguiu se recuperar. Professor novinho na cidade. O sujeito não sabia nadar. A noiva me disse chorando que Deus tinha me colocado no caminho deles porque ela estava grávida. Ficou tudo bem e eu agradeci muito a Deus porque havia ajudado a salvar a vida dele com a minha sensibilidade.

Acreditem, depois disso, eu nunca mais tive comunicações. Terminei o resto da minha vida vivendo com normalidade. Até me senti estranha. Hoje eu entendo que Deus tem um caminho pra todos nós. Todos somos importantes para Ele e quando é necessário Ele pode interferir muito na vida de uns para beneficiar outros. Por isso que a gente tem que se deixar conduzir nos barcos que Deus coloca nas nossas vidas independente das marés, sem medo. Com gratidão Maria Auxiliadora.
18/02/17

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A minha vida foi dureza gente. Trabalho noite e dia. Tanto que eu nem conseguia pensar que aquilo podia ter um motivo de ser. A gente só vive porque levanta ta escuro, dorme ta de madrugada e o cérebro não questiona nada só executa no automático mesmo.

Correria pra pagar conta e comprar comida pra família. Não deu tempo de casar. Eram muitos irmãos, pais idosos e eu uma mulher acabada pelo trabalho árduo ia arrumar marido onde? Com que atrativos? Não tive paciência pra isso não. Vive trabalhando.

As marcas no rosto que evidenciavam o cansaço e o desgosto. Sem sorriso só esforço, mais nada. Depois de alguns anos passei a vender pastel numa barraquinha perto da feira e foi aí que as coisas melhoraram porque adoravam o meu pastel. Eu melhorei minha situação e consegui até comprar casa pra gente. Mas por que tudo isso?

Morri, fui enterrada e só. Quando de repente me vi em outro plano e com a mesma cabeça, não tinha pra onde ir e nem sabia o que fazer. Uma dor desgraçada por causa da úlcera. Como faz falta não pensar nisso quando se está no corpo. Eu acredito, por tudo o que aprendi aqui, que todos nós podemos mais do que isso. Eu desperdicei algumas chances preciosas. Eu me afastei do meu plano inicial. Estava tão entorpecida por causa dos meus afazeres e das minhas preocupações que quando percebi já tinha desencarnado e não fiz nada que devia. Isso me atrasou porque ainda sofri vagando, perdida por aí, sem noção da realidade e dos meus reais deveres.

Hoje eu sei que será concedida nova oportunidade. Eu estou me preparando para não falhar. Devia ter formado família, mas não segui os planos. Todo mundo tem um plano, às vezes, nós sabemos, outras não, mas todo mundo tem motivo pra reencarnar, tem reparos e provas pra enfrentar.

Ter que usar a intuição.  Entrar em contato com a própria essência, ouvir o coração. Quando se está no caminha a gente sente satisfação e não desânimo. Coragem e fé.
Evanilda
18/02/17

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O tempo passou muito rápido. Fui tão feliz! Como fui feliz. Tive amigos leais, família amorosa e tudo o que alguém pode desejar na última existência. Nem tudo tem que ser ruim, mas depende da vontade de acertar e produzir no ambiente que se frequenta um mundo harmonioso pra todos que estão a nossa volta. Eu me preparei muito e, sabendo do amontoado de questões que tinha pra resolver, eu me esforcei.

Nasci numa família grande, tinha vários irmãos e irmãs. Trabalhei na roça e arrumei um marido que bebia tanto que perdia a noção de quem era. Algumas vezes, quando era contrariado, ele me batia até deixar caída no chão. Perdi bebê por causa de surra. Fugi com duas crianças e me casei de novo com o homem da minha vida. Um marido que foi um companheiro e um amigo maravilhoso.

Moramos na favela e passamos fome. O telhado ruiu e tivemos que nos abrigar na carroça por causa da chuva (risos). E quando o dia chegou com uma manhã esplendorosa demos graças a Deus e fizemos o telhado novamente com o que nos deram os vizinhos.

Tive mais cinco filhos e apesar de todas as nossas dificuldades eu agradeci todos os dias pela família que eu tinha. Trabalhei de passadeira, de faxineira, vendi verdura na praça, catei latinhas e desencarnei por causa da diabetes que eu nem sabia que tinha. Fui tão bem socorrida e estou aqui na colônia com muitas amigas desejando sempre saúde e fé por meus familiares.

Eu consegui. Então compreendam que eu não tive nada que fosse fácil, eu não tive nada de meu, mas tive tantos momentos risonhos. Tanta gente boa passou por mim e se fez minha amiga. Recebi Espíritos afins como filhos e consegui encontrar um antigo afeto que me desposou no segundo casamento. O que mais eu poderia querer?

Agradecer tudo o que se tem é fundamental. Sermos gratos oportunidades. Sermos agradecidos a tudo o que o Pai nos concede. Só eu sei que poderia ter sido muito pior. Agradecida desejo a todos a paz do Senhor.
Filomena

18/02/17

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                                          Foto cedida por Magno Herrera Fotografias

" Nós somos construtores do nosso próprio Destino"


Nos deixamos levar pelo momento. Fomos levianos e não consideramos a vida como deveríamos. Meu Deus! Como eu me arrependi. Não precisou de muito tempo para que eu despertasse da insanidade que havia cometido e me arrependesse amargamente dos meus erros.

Eu era tão jovem, embora sei que isso não justifica nada o que tenha feito. Eu o conheci na infância e despertei por ele um sentimento maravilhoso, me deixei levar. Descobri os afagos que uma mulher pode receber e engravidei. Nós não tínhamos condições de ter um filho, de criá-lo e eu me deixei levar. Quando a tia do Roni soube da minha gravidez ela fez de tudo para me influenciar e eu cedi.

Ela conversou com meus pais e afirmou que eu poderia me mudar para a casa dela para estudar e eles aceitaram. Após o nascimento da criança ela se comprometeu em arranjar um lar para meu filho. Um local onde ele, certamente seria criado de forma adequada, tendo tudo o que eu não poderia dar. Ela arrumou uma família que vivia fora do país, nem sei como conseguiu fazer isso e logo após o nascimento do menino, ele foi embora. Eu nunca me esqueci daquele cheiro. Cheiro de filho.

Eu voltei para casa dos meus pais e nunca mais quis saber do Roni, talvez porque ele me confirmava a péssima pessoa que fui. Eu olhava pra ele e via os olhinhos daquele bebê. Eu me perguntava se ele estava sendo bem tratado ou se era feliz. Eu tive família, tive esposo e filhos, mas é incrível como os erros que cometemos não saem de nossa cabeça, não importam os acertos que tenhamos realizado.

Deve ser, por isso, que a consciência nos impulsiona para o local que devemos ir após o nosso desencarne. Nós somos nossos próprios juízes. Eu sofri mesmo. Vaguei, peregrinei por décadas. No local onde estive também estavam muitas mães que abandonaram seus filhos. Muitas que fizeram aborto, muitas mães terríveis que exploravam filhos. As cenas eram confusas porque as formas pensamentos as acompanhavam tão reais que até me confundiam. Justo eu que estava tão enlouquecida de remorso e frustração.

Adivinhem quem me socorreu... Meu filho. O bebezinho que dei. Ele me sustentou em seus braços e me tratou com tanto carinho que me fortaleceu num restabelecimento rápido. Após todo o tratamento soube que a tia do Roni recebeu uma boa quantia pela entrega do bebê e que ela também teria de resgatar no tempo devido. O meu filho recebeu sim, uma boa família que o criou como filho legítimo. Ele apenas soube do que ocorreu na espiritualidade para me beneficiar. Não era pra estarmos juntos nesta vida.

Os planos de Deus não falham. Ele era mesmo o filho daquela família, não meu. Eu só servi para a procriação, para permitir o seu reencarne. Tudo é adequado nos planos de Deus. Beijem seus filhos, agradeçam a Deus por tê-los. Bendita oportunidade que têm de poder estar com eles.  A dor da ausência é inesgotável. Que Jesus abençoe vossos lares.
Vanessa
25/02/17

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Eu culpava o governo. Acreditava que todos mereciam usufruir do que é bom. Eu gostava de possuir as coisas. Adorava as lojas caras, roupas de grife, sapatos caros, bolsas finas, mas eu não nasci rica, nem me apaixonei por um homem que pudesse me dar o que desejava, então, o jeito foi pegar o que eu acreditava que me pertencia.

Meu esposo Leonardo era um homem lindo e muito sedutor. Eu também não ficava atrás. Vocês poderiam nos denominar como estelionatários ou qualquer coisa do tipo, criminosos, ladrões. Nunca matamos ninguém, mas ferimos os cofres e causamos muita revolta em várias pessoas que nos amaldiçoaram com seus pensamentos de vingança.
Eram atos tão simples. As pessoas são distraídas e nós roubamos sem que muitos se dessem conta e ostentamos uma vida de pessoas luxuosas por um bom tempo. A questão é que este mundo só pertence mesmo aos encarnados enquanto se acham espertos com todas as futilidades que podem conquistar. O que é pior de tudo é que eu comecei a me dar conta das tolices da vida quando em uma casa eu fui incrivelmente bem tratada enquanto uma senhora que estava lá fazia um vestido sob medida para uma amiga rica.

Inversão de valores. Ela que estava trabalhando com afinco foi tratada com rispidez por sua situação humilde e eu fui tratada com pompa e circunstância antes de levar vários cartões de crédito daquela rica. Isso me chamou a atenção e tudo piorou após meu desencarne. Eu me vi sozinha, não tinha comigo nem um bem, nem um sapato e nem mesmo roupa de grife. Foi estranho quando percebi que estava descalça e esfarrapada. A minha mente me afirmava que eu não tinha nada, nenhum valor. Passei fome e fui obrigada a vasculhar as latas de lixo, chorei com frio, tive horror do meu estado, tão suja e fedorenta. Foi tanto tempo que desejei uma vida simples. A vida que tinha na roça quando tinha que plantar pra comer. Lembrei da mãe e ela apareceu com um pente na mão, arrumou meus cabelos e disse que viria de novo se eu tentasse melhorar. Não foi de uma hora pra outra que eu pude ser socorrida porque eu tive que entender que deveria valorizar este socorro. Faz uma grande diferença conversar com as pessoas sobre tantas coisas. Eu precisava entender que não é o que se tem que importa, mas quem se é. Ainda é difícil pra mim. Eu devo retornar numa situação de posses.

Ter tudo pra saber valorizar o simples da vida. Ser virtuosa apesar de minhas posses. Eu não queria peregrinar de novo, então estou me esmerando pra aprender tudo o que for possível ainda deste lado. Torçam por mim.
Cleonice
25/02/17
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Eu li, reli e mesmo assim não conseguia acreditar. Não podia aceitar que as coisas pudessem nos comprometer tanto assim. Nós tínhamos a nossa casa e, de repente, não era mais nossa. Eu pensei no que poderia fazer por meus filhos.
Pra onde poderíamos ir?
Eu não tinha ninguém, pai, mãe, ninguém. Só um monte de crianças que precisavam de um teto. Meu Deus! Com a carta na mão falando da desocupação eu quase morri de tanta tristeza. Eu sei que pra muitos isso pode não parecer nada, mas pra mim foi um calvário. O danado do meu marido perdeu tudo no jogo. Bêbado e viciado em jogo. O que mais eu poderia querer?

Juntei nossas coisas. Não podia levar muito, não ia conseguir carregar e aproveitei pra largar o miserável. Deixei tudo na casa, ele e quase todos os meus pertences. Fui pra debaixo da ponte com três crianças. Ainda tinha emprego e tentei não perder, mas não teve jeito. Chegava pra trabalhar com cheiro ruim, suja de dormir no chão. Perdi o emprego.

Ninguém pensa nisso?
Como que morador de rua pode ter emprego? É muita discriminação gente. O jeito foi pedir dinheiro no farol com meus meninos. Choro até hoje de lembrar. Eu não era pedinte, eu era doméstica, mas a vida foi assim. Só que ninguém está sozinho nesta vida. Precisei levar meu garotinho pro pronto socorro, ele estava com muita febre e o médico conversando comigo percebeu que eu não era marginal. Ele se compadeceu da nossa situação e me ofereceu um emprego no hospital na área da limpeza. Falou que tudo daria certo e eu aceitei.

Aluguei um quarto e fui vivendo até que tudo se resolveu e nós superamos a fase ruim. A questão é que podem acontecer coisas terríveis na vida de qualquer um, mas nós não podemos nos deixar contaminar pelos desgostos da vida. Perseverar em Deus que Ele sabe das nossas carências. Existem provas para todos nós. Todas elas são adequadas, mas nunca é maior do que a gente pode superar. Que Deus abençoe.
Odete
25/02/17

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Não tem como viver e não sentir os prazeres da vida. Eu ainda acho difícil. É tudo bom. Coisa boa pra todo lado. Comida boa, bebida boa, prazeres da carne que não deixam a gente viver sem isso. É igual criança quando experimenta doce, só quer doce. E comigo foi assim.

Fui destruindo tudo. Sistema digestivo, cardíaco, engordei tanto. Um homem com quase duzentos quilos, imagina. Chegou uma hora que quase não me movia. Era como se eu estivesse me suicidando aos poucos. Eu imaginei um porco sabe? Me envenenei. Tudo errado.

O fim vocês já podem imaginar, mas pior foi antes disso quando se vive sozinho. Quando as pessoas têm vergonha de você e não te chamam pra nada. Quando as pessoas que você considerava não te visitam mais. O gordo que é engraçado até vai, mas aquela coisa grande que não anda quem quer? Eu desencarnei jovem demais. Não fiz nada.

 Só vontade de me envolver com mulheres e viver como gente normal, mas não pude e os pensamentos não são bons porque provam que a gente é doente não só do corpo, mas do Espírito. Eu fui abandonado por todos, mas primeiro por mim, nem sei como aconteceu. Tinha uma tendência, mas não achei que pudesse acontecer comigo. Quando desencarnei fui arrastado pra áreas onde as pessoas eram viciadas de todos os tipos. Eu desejava comer desenfreadamente e não se percebe as coisas por tamanha confusa mental.

Depois do socorro eu precisei de tratamento para modificar minha condição perispiritual porque você aceita que é daquele jeito e é difícil voltar a ser normal. Eu ainda faço tratamento com o doutor Erasmo.

Ele me ajudou com a equipe e hoje eu já consigo me permitir caminhar mais livre. Eu reduzi o meu tamanho pela metade, mas ainda falta bastante coisa pra minha alta. Nem sei como será meu regresso. Não devo pensar nisso agora. Me concentrar apenas no hoje e ter fé no meu reestabelecimento. Orem por mim.
Humberto

25/02/17




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