Foto cedida por - Magno Herrera Fotografias
“É bom viver e ainda mais quando se ama”
A
expiação é algo realmente incrível. Eu vivi trinta e dois anos num corpo cheio
de limitações. Necessitava de ajuda para questões tão simples da minha vida.
Passei por isso durante todo o período em que estive encarnada e foi só o que
conheci nesta existência, por isso, não se pode desejar ardentemente aquilo que
não se conhece, ainda mais quando se têm limitações mentais.
Eu
sentia dor e isso me inquietava. Deixava as pessoas muito irritadas porque
chorava muito, mas não tive a intenção de irritá-las. Acho que meus familiares
sofreram tanto ou até mais do que eu. Eles cuidaram bem de mim, mas no fundo eu
sabia das coisas. Nossos instintos ficam preservados e eu sentia tudo, muito
mais pela limitação dos meus pensamentos, limitações de ligações neuronais. Eu
percebia um simples olhar, uma palavra de carinho e tinha minhas predileções.
Conhecia
bem os gritos e também quando as pessoas me discriminavam e eu odiava ver a
minha mãe chorando. Gostava muito do Alberto, como ele foi bom pra mim. Acho
mesmo que nutri por ele um afeto romântico.
Ele foi um vizinho amigo do meu pai que me
visitava de tempos em tempos e deixava claro que era uma boa pessoa. Ele me
socorreu diversas vezes e a voz dele me acalmava tanto que eu adormecia.
Isso
facilitava o trabalho dos amigos espirituais. Uma questão esplendorosa esta dos
trabalhadores espirituais porque eu podia vê-los sem a menor cerimônia. É como
se eu estivesse sempre ligada nos dois planos. Como no meu lar os pais oravam
muito, eu via uns seres lindos, eles me acariciavam e cantavam pra mim. Isso
suavizava minhas dores e eu dormia. Eu fui muito abençoada porque apesar de
meus infortúnios eu contei com o apoio de pessoas maravilhosas e quando percebi
tudo já se havia encerrado.
Passou
rápido o meu tempo de encarnada e quando eu me libertei... Ah! Foi a glória. Eu
me desprendi daquele corpo rígido e ganhei numa leveza como uma borboleta.
Eu
voei mesmo e reconheci todo o mesmo aspecto de ser eterno. Eu simplesmente
cruzei os planos e descobri a realidade. Me vi como uma linda mulher dotada de
perfeição física e mental. Não necessitei de tratamento. Fui bem recebida por
antigos afetos e compreendi toda a necessidade de expurgar naquele corpo.
Agradeci o que ele permitiu realizar para mim e para os meus amados pais. Eles
precisavam viver aquilo ao meu lado, eles aprenderam tanto. Eu errei muito no
passado, como todos e precisei ficar impossibilitada para ser grata.
Eu
também aprendi. Agora numa nova vida eu espero recomeçar. Pretendo trabalhar em
benefício dos que se encontram acamados. Eles precisam de carinho e atenção.
Que Deus os abençoe.
Rosana
04/03/2017
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Foi
uma vida comum. Igual de tantas pessoas que choram e sorriem todos os dias.
Pessoas que se esbarram na rua e acham que a vida não passa de um sei lá o quê.
Viver por viver e mais nada.
A
verdade é que eu me deixei levar. Tive inclinações más como muitos, mas sempre
me lembrava dos conselhos dos meus pais e, apesar das minhas necessidades de
viver os meus impulsos, eu me contive e me controlei. Eu estudei, trabalhei,
namorei e me casei com o primeiro namorado porque na minha época, assim o fazia
a moça de família. Para o casamento durar tínhamos que aguentar algumas
situações, suportar.
E eu
vivi, chorava e me lembrava dos pais. Tive cinco filhos lindos e por eles
dediquei toda minha vida. Eu não pude trabalhar fora depois que me casei porque
seria uma afronta ao meu esposo, então, eu cuidava da casa, costurava, bordava
e tudo sempre estava tão impecável que, por vezes, eu desejei deixar a casa
suja pra saber como era.
Eu
queria falhar. Sentia dentro de mim uma grande vontade de gritar e sair correndo
dali, mas eu não podia fazer isso, que maluquice. Muitas das avós podem ter
passado por isso como eu. Mulheres que não tem nada demais, mas que foram castradas
na sua essência, na sua necessidade de se pronunciarem.
Hoje
vocês têm tanto. Vocês têm a liberdade que não tivemos. Vocês foram
conquistando e hoje conseguiram muito e ainda querem mais, tanto que estão
invertendo os papéis.
Tudo
está certo, mas há que se tomar cuidado porque todos são importantes e os
homens são imprescindíveis para a procriação, mas não só para isso. Observar o
outro é fundamental para raciocinar que juntos constituem toda a essência de
Deus. Nesta corrida desenfreada pela igualdade dos direitos a mulher passou um
pouco dos limites e algumas estão perdendo a doçura, a
feminilidade. Condição importante para a harmonia da sociedade.
Saber
se comportar como mulher, saber amar como mulher, saber falar como mulher e
receber o que é seu por direito. Realizar coisas importantes e também as
simples. Eu garanto que tudo que fiz pode não ter significado nada para muitas
mulheres, mas para os meus filhos foi o alicerce de suas vidas. Eu os amei de
todo o meu coração e tudo isso valeu a pena por eles. Apenas depois que
desencarnei pude entender que segui os caminhos corretos. Não o que me pediam
os prazeres da carne, mas o que necessitava como Espírito em evolução. Eu consegui
e desejo que vocês também consigam.
Atenciosamente Celina.
04/03/2017
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Eu
não os tolerava perto de mim. Irritantes. Agiam como se não pensassem. Era tudo
instintivo e isso despertava em mim profundo desprezo. Eu era tão jovem, estava
interessada em estudar e me introduzir na política, mas não era possível. Eu
tinha que ter um marido. Foi um absurdo.
Eu
tinha doze anos e já tinha um noivo. Claro que isso estava ligado às ambições
de minha família. Eu senti nojo daquele homem que concordava com tudo aquilo e
nem quis olhar pra ele quando nos apresentaram. Eu fiz um escândalo e levei uma
surra daquelas, mas não me importei porque meu pai vivia me batendo, então
preferia ser ouvida.
Me
chamavam de revoltada e eu era mesmo. Onde já se viu? Eu era uma criança. Me
casaram e eu dei um baile no marido que desejava me desposar. Nunca permitiria
que ele encostasse um dedo em mim. Quebrei tudo e ele ainda saiu arranhado, aí
sentou-se no chão e falou comigo de uma forma que nunca ouvi um homem falar.
Educado,
controlado e calmo. Ele falou que se eu preferisse ele podia me devolver para o
meu pai. Me pediu para pensar. Ele não era culpado, também não havia sido
consultado. Os pais arranjaram tudo e ele que tinha uma pretendente foi
obrigado a se casar comigo. No fim ele me disse que eu poderia ficar tranquila
que ele jamais encostaria em mim.
Nós
dormimos em quartos separados por cinco anos. Eu sabia dos seus envolvimentos
amorosos, mas ele me tratava com tanta delicadeza que qualquer um que nos visse
diria que éramos apaixonados. Eu passei a olhar aquele homem diferente nos anos
que se seguiram. Aos poucos aquele moleque sem graça se transformou num homem
lindo e charmoso. Eu olhava pra ele com admiração porque via a forma com a qual
ele conduzia seus negócios, como ele tratava as pessoas e também porque nos
tornamos muito amigos, cúmplices num relacionamento de fachada.
Nunca
pensei que depois de tudo isso eu iria me apaixonar por meu esposo. Ele
percebeu a forma como eu o tratava e não precisou muito para que nos
envolvêssemos. Tivemos uma família linda e fomos felizes por toda a nossa vida.
Quando meu esposo desencarnou eu desejei morrer com ele porque sabia que nada
mais seria igual. Eu nem acreditei que poderia prosseguir sem ele. Eu costumo
dizer que precisei ficar sem ele para entender o quanto eu o amava.
Hoje
estamos bem. Juntos, trabalhamos num mesmo ideal que se fortalece a cada dia.
Tão cedo não retornaremos. Desejo a vocês que vivenciem um grande amor. Que
possam olhar para o seu cônjuge com admiração. Que possam redescobri-lo a cada
dia. É bom viver e ainda mais quando se
ama.
Beatriz
04/03/2017
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Foi
sofrido, mas foi divinal. Todos os meses tão difíceis. Cada hora era um
problema diferente. Eu tinha uma ideia errada de que as gestações são
tranquilas. Pra mim foi terrível. Eu sofri os nove meses. Tive enjoos tão
fortes que não me permitiram a alimentação adequada. Eu morria de fome e não
conseguia me alimentar. As dores no pé da barriga eram intensas e, num determinado
momento, eu precisei fazer repouso pra não perder o bebê. Eu fiquei tanto tempo
deitada que já estava enlouquecendo.
O
parto também foi complicado porque não tinha passagem e tentaram o fórceps.
Judiaram tanto de nós. Tudo isso e quando aquela criança chegou perto de mim eu
olhei e senti uma coisa esquisita. Era como se eu fosse transbordar de tanta
emoção. Chorei tanto, soluçava. Ele chegou pertinho de mim como um bichinho que
me cheirava procurando um acalanto. Abracei o meu bebezinho e não queria soltar
mais. O pobrezinho passou mal e tiraram ele de mim. Naqueles poucos instantes
eu orava pra Deus permitir que ele ficasse comigo.
Como
sofre uma mãe.
Deus
me ouviu e ele ficou bem. Ficou na UTI porque apresentou um comprometimento,
mas depois de dois meses fomos pra casa. Nada nunca foi mais importante pra mim
do que meu filho. Até hoje onde estou oro por ele e peço a Deus pra abençoar
porque eu não consigo distanciar muito os meus pensamentos. Amor de mãe perdura
ao desenlace do corpo físico.
Meu
Antônio se tornou um homem bem estruturado moralmente. Não me preocupo com ele
porque é um homem que age com o coração, ele tem sentimentos nobres graças a
Deus. Agradeço tanto ao Pai por tudo o que vivi. A maternidade é um dom, uma
dádiva. Se aprende muito sendo mãe porque nós sentimos integralmente. Uma
montanha russa que não tem fim. A gente sofre se o filho sofre.
Uma
gripe faz a gente sofrer. A gente vibra com as alegrias deles, quando passa de
ano ou arruma emprego. Quando fala que vai casar fica preocupada se a esposa
vai cuidar direito, se vai ser mulher virtuosa. É preocupação de mãe.
E a
gente sente muito quando tem que partir por causa da saudade. O abraço de mãe...
Dá gosto de sentir aquele cheiro do filho. Filho tem cheiro bom. Eu tenho
saudades e desejo tudo de bom pra todas
as mulheres.
Queria
que vocês soubessem que ser mãe eleva a gente e se pode ser mãe do coração
também porque a dose do amor é a gente que decide. O amor melhor é o infinito,
quando a gente doa tudo o que tem e o amor só multiplica, nunca se acaba.
Então, vão atrás dos filhos de vocês
porque é muito bom amar.
Flor
04/03/2017
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Foto cedida por - Magno Herrera Fotografias
"Nenhuma palavra se perderá no anonimato"
A
vida se desenvolvia de um jeito tão natural que eu nunca tive tempo de me
questionar se era feliz. Eu apenas vivia. Não me queixava de nada porque não
tive dificuldades ou qualquer tipo de sofrimento. Era tão jovem. Desejei a
liberdade de uma vida onde eu pudesse desempenhar uma carreira que me agradava
e, por isso, eu concluía meus estudos com ânimo, mas, de repente eu percebi meu
seio dolorido demais.
Busquei
uma resposta para a dor, mas não encontrei. Falei com minha mãe porque o seio
parecia estar aumentando e minha mãe sorriu dizendo que devia ser estresse, um
distúrbio hormonal. Verdade, podia ser mesmo, eu pensei. No fundo eu estava
amedrontada, uma estranha intuição me afirmava que aquilo era sério e eu temia
procurar ajuda de um especialista.
Passaram
seis meses até que minha irmã mais velha veio nos visitar e notou uma diferença
entre minhas mamas. A Clara amamentava o Matheus e estava entendida no assunto.
Ela me pediu com tanto carinho pra que eu fosse ao mastologista que eu decidi
que deveria procurar ajuda. Vocês já devem imaginar o meu problema: câncer de
mama foi o meu diagnóstico.
Ninguém
quer ouvir do médico que tem um diagnóstico fatal, pois era este o meu caso.
Câncer na minha época era fatal. Evoluiu tão rápido. Eu até tentei fazer o
tratamento, mas como avançou. Incrível a multiplicação das células. E num belo
dia eu não aguentei mais. Simplesmente tomou tudo e não tinha mais como lutar
contra ele. O corpo não tinha como aguentar e eu me soltei.
Soltei
minhas coisas, soltei as pessoas que eu amava, as que viviam comigo. Eu me
desliguei da minha vida pra mudar de vida sem aquele corpo que não tinha vida
nenhuma. Faz quinze anos. Eu senti saudades, muitas, mas não sofrimento. Fui
bem recebida por outras tantas pessoas que eu amo deste lado e que me
impulsionam, elas me ajudam a caminhar para frente, a avançar.
Muito
bom saber que o Universo está cheio de pessoas que nos amam. Eu deixei umas
muito importantes para encontrar outras tão importantes quanto elas. Um antigo afeto
amoroso que me fez brilhar os olhos assim que acessei minha consciência
desperta. Foi lindo! Pra vocês só digo que o importante é viver de forma
integral.
Quem
está na matéria tem que se cuidar.
Não
esquecer de fazer os exames. Fazer tudo o que está no seu alcance pra que você
possa desempenhar o seu papel nesta jornada.
Eu
errei muito porque não era pra adiantar meu regresso. Eu ainda tinha algumas
coisas pra realizar, mas falhei. Deus é tão misericordioso que já sabe nossos
passos falhos e me permitirá retornar para realizar o que ficou faltando. Eu
vou conseguir. Não reclamo não. Recebi muito, recebo sempre. Como sou grata,
praticamente nem sofri. Minha doença estava mesmo nos planos. Toda a família se
envolveu e este era um belo resgate, mas eu precisava concluir e não deu tempo.
Cuidem-se! Amem-se! Aproveitem tudo o que a ciência e a tecnologia podem
proporcionar para tornar a vida ainda mais bela. Com carinho.
Bianca
10/03/17
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Eu
nunca poderia dizer que não sabia. Eu sempre soube de todas elas. Ouvi muitas
vezes outras mulheres rindo de mim, falando que não sabiam por que eu não
colocava meu marido para fora de casa. Vê se pode? O pai dos meus filhos. Ta
certo que eu nunca achei bonito, não fazia parte da minha índole uma coisa
dessas, mas ele sempre gostou de se envolver com outras mulheres e eu fui
levando a vida.
No
início briguei, chorei, gritei e disse que iria me separar. Nesta época eu
estava grávida do nosso primeiro filho. Ele me abraçou com o maior carinho e
disse que fazia com ela o que não podia fazer comigo, afinal eu estava grávida.
Eu chorei abraçada à ele. Eu morria de ciúmes. Que ódio me deu. Depois que o
menino nasceu eu achei que fosse mudar. Que nada! Arranjou mais uma. E outra.
Tentava
esconder, mas eu sempre descobria. Ouvi tantos conselhos, mas não podia me
separar daquele homem. Eu o amo tanto. Tem gente que não entende. Amor assim
difícil de entender. Até hoje é complicado pra mim. O doutor me fez melhorar
muito, mas existem situações que não consigo deixar pra trás. Eu amei o Almir mais
que a mim mesma. Não sei se dá pra entender. Você sente? Você se envolve e ama.
Só isso. E não tem outro nome não. É amor mesmo.
Eu
tolerei querendo esganar cada uma delas. Eu tinha tantas justificativas...
Argumentei muitas vezes que as mulheres não deviam se oferecer para homem
casado, devia ter ética entre as mulheres. Sei lá com tanto homem solteiro tem
que pegar os casados com família e criança envolvida? Desaforo. Mas o meu
marido ia atrás delas e aí eu falo o quê? O primeiro que tinha que se dar o valor
era ele. Eu sei de tudo isso e digo que foi difícil até o fim porque depois do
meu desencarne eu não consegui me separar dele e foi aí que eu sofri.
Desencarnei
por causa da diabetes e fiquei grudada nele por tanto tempo. Infeliz de mim que
presenciava todas as suas conquistas. Foi horrível. Eu tentava sair de perto.
Tentei ficar de fora, mas não dava. Um dia eu me cansei de toda a humilhação
que eu mesma me fiz passar e pedi ajuda à Deus e consegui. Eles me tiraram de
perto dele e me levaram dali. Eu nunca mais vi o Natanael. Faço tratamento para
me separar dele porque é como uma doença. O doutor falou que eu ainda não posso
retornar, mas isso será providencial pra mim em pouco tempo porque eu tenho que
esquecer e a reencarnação será uma benção.
Eu
aceito porque pra mim é uma tortura. Devemos amar o próximo como a nós mesmos,
por isso, o amor próprio é fundamental.
Cícera
10/03/17
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Eu
adorava os olhos dela porque era ali que eu me sentia confortável, calma. Tínhamos
uma amizade difícil de se ver por aí. Sólida, sincera. Desde a infância eu só
podia me abrir com ela, exceto por um único motivo, não podia abrir meus reais
sentimentos. Eu não conseguia me relacionar com homens, não porque eu era
tímida ou porque era insegura, mas porque não tinha nenhum tipo de atração. Ao
invés disso, eu tinha repulsa. Não podia imaginar seus toques.
Mas
não podia revelar uma coisa dessas para ela. Na nossa época as coisas eram tão
diferentes. Hoje é tudo permissivo e as pessoas têm liberdade que não
encontrávamos. Tudo era escândalo. Eu não podia expandir minhas necessidades. Vivi
assim. Reprimi meus desejos e fui obrigada a ver minha amiga, o amor da minha
vida descobrir o amor em outros braços.
Ela
namorou, se casou e teve uma família linda. Eu não. Fui fiel aos meus
sentimentos à vida toda. Observei de longe tudo o que ela passou e hoje sei que
foi melhor assim. Ela foi feliz. Muito feliz. Sei porque nossa amizade durou
uma vida inteira. Eu fui madrinha da filha dela e eu amei todos eles do fundo
do meu coração. Não simpatizava com o esposo, mas admito que ele foi um
cavalheiro, um esposo nota dez. Auxiliou minha amiga em tudo o que ela
necessitou até nos momentos mais delicados do seu desenlace. Refletindo sobre
toda minha vida eu percebi que a minha prova era justamente aceitar este
distanciamento imposto pelo sexo. Eu consegui. Naquela ocasião não tinha outra
forma.
Neste
plano quando nos reencontramos com toda a consciência que é permitida. De posse
de todas as informações necessária para as elucidações da nossa evolução, nós
conversamos bastante e sorrimos de tudo o que houve. Eu não aceitava aquela
forma física. Eu nunca gostei do meu corpo, mas não podia falar pra ninguém.
Vivi
com tanto recato que me adaptei a forma feminina, ao jeito de ser mulher. Após
me encontrar com a Elisa eu percebi o quanto foi bom passar por tudo. Eu gostei
de ter conseguido e me mantive do mesmo jeitinho. Quem pudesse me ver diria que
sou uma bela mulher. Gosto de ser assim, me aceitei como sou e dou graças por
ter triunfado.
Nós
precisamos ter todas as sensações para nos tornarmos perfeitos. Para sentirmos
as dores do outro, para sermos realmente indulgentes devemos passar pela
questão que o aflige e eu precisava ser mulher. Sou mulher com honra e orgulho.
Aguardo uma nova chance onde poderei ser mulher novamente. Agora com intuito de
formar família e ser feliz.
Com gratidão Marcela.
10/03/17
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Era
um sobe e desce danado naquela favela. A perna doía no fim do dia. Eu carregava
as muambas pra vender no farol e de noite já me enfeitava toda pra ver se
alguém me queria.
Difícil
admitir que era mulher da vida. Tem muitas por aí. Tantas e tantas que não dá
nem pra contar. Profissão mais antiga do mundo. Tem mulher que é e esconde até
do marido. Acha que ninguém vê, mas daqui tá todo mundo de olho (risos).
A
verdade é que pra muitas é o caminho mais fácil. Eu nunca gostei não. Vou falar
que eu fui bonita demais e quando se vê criança chorando de fome à gente deixa
a vergonha e o orgulho de lado e faz o que tem que ser feito. Catei lixo pra
comer, catei latinha e papelão. Tentei faxina, mas fala sério não é todo mundo
que da emprego pra quem quer trabalhar, preconceito pra todo lado gente.
O
fato é que eu não tinha tempo pra reclamar. Eu fiz limonada com os limões que a
vida me deu. Levei umas bordoadas, uns sopapos e fui me virando. Rezava pedindo
pra Deus me amparar pra ver uma luz, pra enxergar um caminho diferente pra
minha vida e foi aí que um dia eu encontrei num carrão e olhei nos olhos
daquele homem. Que arrepio. Ô homem bonito! Eu fiquei com medo porque eu não
tava acostumada com tanta gentileza, tanta educação. Fiquei com vergonha dele depois
de tudo o que aconteceu com a gente eu não sabia mais ficar com homem nenhum.
Passamos
fome mesmo porque eu não quis mais aquela vida, tava apaixonada pelo bonito. Passou
onze meses até que o bonito me achou vendendo bala no farol. Ele me chamou e eu
nem conseguia falar. Me levou pra tomar um café e ofereceu emprego. Ele mudou
minha vida. Mas foi triste porque ele tinha uma noiva. Só que Deus escreve
sempre certo. O cara não tirava os olhos de mim e eu não conseguia esconder o
amor que eu sentia por ele. Passaram-se dois anos. Eu já estava bem. Morava com
minhas crianças fora da favela.
Trabalhava
direitinho e era inteligente tava até no supletivo. Ele só de olho em mim. Um
dia chegou perto e depois de romper com a noiva ele se declarou pra mim. Que
homem! Deus seja louvado porque o amor é lindo demais. O Inácio casou comigo
mesmo sabendo de toda a minha história. Ele aceitou uma mulher como eu e ainda
assumiu meus três filhos e uma sogra doente. Este homem foi à luz da minha
vida. Foi à pessoa que mais colaborou pro meu progresso enquanto estava
encarnada.
Acho
que Deus mandou o bonito pra minha vida como um anjo pra me salvar do mau
caminho. Como sou grata. Amem, vivam e sintam todas as maravilhosas sensações
de ser mulher.
Patrícia
10/03/17
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Foto cedida por - Magno Herrera Fotografias
“Aquele
que não pode ajudar quem necessita deve ficar calado e se eximir das palavras que
fazem doer”
Eu
trabalhava duro. Tantas horas seguidas que, de repente chegava a perder os
sentidos do meu corpo. Tudo por eles. É impressionante o que podemos fazer
pelos filhos. Fui costureira e vivi a maior parte do meu tempo naquela máquina
de costura. Cheguei a ser persuadida por homens que queriam me bancar, mas
nunca poderia me submeter a isso.
Éramos
quatro pessoas num quarto e cozinha. Eu e três crianças que foram crescendo com
muito esforço meu. Com tanto empenho para que pudessem ser pessoas dignas que
não dava nem tempo de pensar em mim ou nas minhas necessidades.
Sofri?
Talvez, mas aqueles sorrisos e aqueles carinhos apagavam todo o sofrimento e
davam ânimo encorajador. Minhas crianças não tinham nada, foram muitas as vezes
que senti uma fúria tomar conta de mim porque percebi que eles estavam sendo
injustiçados. Isso me fazia virar uma fera.
Ver
que eram pobres e só queriam brincar, mas algumas mães se negavam em recebê-los
porque eram filhos de mãe solteira. Havia muito disso naquela época. Eu nunca
tolerei que fossem discriminados. Eu que não queria que eles convivessem com
famílias que achavam que eram superiores porque tinham pai e mãe, em nada eram
melhores que nós. Eu não soube escolher marido, é verdade, mas os filhos que
Deus me concedeu foram e são os melhores do mundo.
Eles
foram tão bem educados, com tanto amor, com tanta igualdade, com tanto critério
para saber de Deus e Jesus que se tornaram o meu orgulho. Se teve uma coisa que
fiz com mérito foi educar meus filhos. Que presente do Senhor. Não tiveram
tudo, nem tiveram nada, mas frutificaram. Trabalhei tanto numa noite inteira
pra dar uma festinha pro meu mais novo e teve mãe que não deixou o amiguinho
participar porque eu não tinha marido. Tudo tão caro, tudo feito com tanto
cuidado, tanto carinho e eu ainda era falada.
As
pessoas devem tomar o maior cuidado pra falarem da vida das outras pessoas
porque a maledicência fere a moral dos dois lados, muito mais de quem tem a
língua que fere. Eu sofri com a maledicência, mas superamos pelo comportamento
que tínhamos. Tudo é aprendido através do exemplo e não apenas do que falamos
para nossos filhos.
Aquele
que não pode ajudar quem necessita deve ficar calado e se eximir das palavras que
fazem doer.
Atenciosamente Luíza.
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Menina
de tudo, eu só queria descobrir o mundo. Vi meu corpo se modificar e as
questões relacionadas à adolescência tão afloradas que foi difícil segurar a
vontade de me aproximar dele, mas eu não queria que ele passasse dos limites.
Eu
não pensei que as roupas que eu usava poderiam deixá-lo tão enlouquecido. Sei
que naquele dia eu tive o amparo da espiritualidade que colocou naquela hora e
naquele lugar um rapaz absurdamente educado que soube me defender. Eles
discutiram e, apesar de ter sido arremessada ao chão, pude ver quando o Nailson
levou um soco tão forte que o fez cair. Ele se ergueu, olhou pra mim com muita
raiva, prometeu que aquilo não ficaria assim e foi embora.
Meu
salvador ajudou para que eu me erguesse. Ele se preocupou comigo e eu me
apaixonei por ele. Nunca havia imaginado que um momento tão ruim pudesse me
trazer tanta alegria. Eu percebi que tudo poderia ter sido diferente e depois
daquele incidente eu modifiquei meu comportamento. Na verdade as pessoas nos
tratam de uma forma dependendo da maneira como nos portamos. As pessoas reagem
frente as nossas reações.
Eu
sabia que estava sendo escandalosa e vulgar. Mudei e não pude deixar de pensar
naquele rapaz que me auxiliou. Ele me salvou. Eu fiquei longos anos sem vê-lo e
também ao Nailson que desapareceu. Eu estudei, trabalhei e passei a olhar a
vida com mais seriedade. Me coloquei num trabalho que auxiliava as moças que
sofriam maus tratos e me sentia útil quando cuidava delas. Poderia ter
acontecido comigo.
Depois
de quinze anos eu decidi viajar para outro estado e conheci um homem com quem
tive uma família maravilhosa. Minha vida foi um enorme aprendizado onde eu tive
a chance de ser salva por alguém que eu nunca tinha visto e isso modificou meu
caminho. Aqui no plano espiritual eu pude reencontrá-lo e tudo serviu para que
eu despertasse para a verdadeira realidade da minha vida.
Eu
já o conhecia. Precisava tanto voltar para o caminho que foi proposto. O
caminho que Deus traçara para mim. Este amigo de outros tempos permitiu que eu
acordasse e voltasse para o plano. Eu sou tão grata. Acredito que as coisas podem ser melhores para todas nós sempre.
Devemos
ter fé, ter confiança nos planos de Deus. Todos nós temos provas, mas muitas
vezes nós conduzimos nossa vida de forma tão imprudente que atraímos o mal
desnecessário. Saber viver. Confiar, mas ser prudentes. Ter alicerce forte em
Jesus, mas ter consciência de que vivemos no coletivo e devemos nos esforçar para despertar o melhor das pessoas em relação a
nós.
Sendo
assim, poderemos atrair o bem e evoluir de forma mais branda.
Com
gratidão. Nilda.
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Era
tanta criança, era tanta gente. Vinham de longe pra passar com a vó Dete. Eu
nunca desejei ser curandeira. Foi dom. Quando menina ajudava os animais, a mãe
percebeu. Os bichos não passavam aperto perto de mim (risos).
Colocava
a mão na barriga e as bichas saiam todas. No outro dia o bichinho tava faceiro.
Eu era pequena, ajudava cuidar dos bichos. Mais tarde foram meus irmãos. Não
podiam adoecer que eu logo fazia um chá, um banho e eles se curavam. A mãe foi
notando, o pai comentava com os vizinhos e quando percebi a criançada dos
vizinhos estavam chegando na nossa porta.
Eu
largava a lenha no chão e saia correndo pra cuidar de quem chegava. A mãe
autorizava, ela achava lindo tudo aquilo. Depois a mulherada nem sabia agradecer.
Dava até galinha pra nós. Eu aceitava porque fazia diferença na minha casa, mas nós nunca cobramos porque era dom.
Deus
colocava a mão na minha. Eu não entendia naquela época. Nunca estudei, imagina
saber de mediunidade? Cresci assim. Popular no lugar onde morávamos. Mudei, mas
o dom foi comigo e quando fiquei moça eu vi um senhor e ele conversava comigo
tão direitinho que pude cuidar melhor das pessoas. Ele me ajudou até a entender
algumas letras porque eu era mesmo analfabeta. Me ajudou muito o meu amigo
espiritual. Ficou comigo a vida inteira e curamos muitos que não tinham a quem
recorrer.
A
vida foi assim. Simples de tudo, mas com muita gratidão, com muita fé. Eu tive
um olhar da vida que poucos têm porque eu tinha certeza que o mundo não era só
o dos vivos. Eu soube respeitar os que já partiram porque eles se comunicavam
comigo e isso ajudou muita gente. Tinha o maior respeito pelo meu amigo que me
ajudava demais. Como eu gostava de curar. Eu fazia com amor.
Tive
uma família linda. Todos me respeitavam e ajudavam no trabalho de doação. Nunca
cobrei um centavo sequer. Quando queriam me dar alguma coisa eu aceitava e
entregava pras famílias que precisavam mais do que a minha porque não podia
ficar pra mim. Meu amigo dizia: Dete, dá
de graça o que de graça recebestes! Eu dava amor, eu dava atenção.
Eu
dava o meu dom que não entendia porque estava comigo, mas achava que Deus sabia
de tudo e eu fazia o que Ele queria que eu fizesse. Eu acho isso até hoje: quem tem dom deve doar. Dividir pra
multiplicar sempre. Não cobrar porque aí se transformou em outra coisa. Ter respeito pelo mundo dos invisíveis.
O maior respeito porque eles enxergam tudo e todas as escolhas têm
consequências.
Eu
ainda trabalho com meu amigo espiritual. Agora nós auxiliamos outro grupo de
trabalhadores encarnados que promovem a saúde e eu adoro meu trabalho. Agradeço
tanto a Deus por tudo o que vivo. Fiquem na paz do Senhor. Dete.
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Eu
me apaixonei e saí de casa porque meus pais não aceitavam o meu romance. Era o
rock, eram as tatuagens ou a forma como falávamos. Tudo irritava meus pais e eu
decidi viver minha vida sem que eles ficassem me observando daquele jeito.
Eu
detestava a cara de contrariedade da minha mãe. Fui viver com o Ronaldo e achei
que era a melhor coisa que eu podia fazer por nós. Eu larguei tudo por ele, mas
não havia me dado conta de que ele não tinha nada pra me oferecer. Emprego,
casa, nem responsabilidade, juízo. Eu não posso culpá-lo porque fiz as minhas
escolhas e sou responsável por elas, mas eu pensei errado. Eu me enganei.
Comprometi
toda minha existência. Era tanta droga, tanta gente naquela casa que mais
parecia um pardieiro. Eu me enchi e quis mudar, mas comecei a me sentir tão
mal. Vi que o Ronaldo também estava estranho. Tão magro e abatido. Pensei que
fosse por causa dos maus hábitos, mas depois de um desmaio precisei fazer uns
exames e quase morri do coração quando soube que tinha o HIV. Eu queria tanta
coisa. Família, filhos.
Eu
estava com os dias contados porque naquela época não tinha coquetel não. Era caixão
pra gente. E foi assim... A gente definhou tão rápido. O Ronaldo também tinha.
Claro porque não tínhamos outros parceiros, mas o uso da seringa coletiva dá
nisso.
Que
ódio me deu daquele homem. Eu desejei matá-lo, mas meu consolo era que ele
também iria morrer e ele foi primeiro. Quando ele morreu eu sofri demais porque
sabia que o meu fim também estaria próximo e eu não queria morrer. Ninguém quer
morrer. A verdade é que mesmo quem faz coisa errada não quer morrer. É o
instinto de preservação da espécie que fala mais alto entende? Eu morri.
Não,
meu corpo morreu e isso foi um choque porque eu fui pra junto deles. Onde os
viciados vão. A minha raiva me arrastou pra lá e eu fiquei muito tempo na
condição de perturbada, ensandecida até que pude ser socorrida e receber o
tratamento que recebo até hoje.
Alguns
de vocês podem se perguntar por que nós reportamos as nossas falhas e eu afirmo
que nós precisamos disso. Saber que alguém se importa. Resgatar, apesar das
falhas. Deixar pra alguém nosso depoimento. Nosso incentivo ou exemplo de vida é importante para nós.
Eu
quis falar. Eu quis me pronunciar e fui respeitada. Não me importo com julgamentos.
Atire a primeira pedra aquele que nunca
errou – disse o Mestre. Eu estou perseverando pra me livrar das chagas e
vou conseguir. Vivam com saúde mental e física para que
possam caminhar com mais lucidez dispostos a avançar na evolução que é o
propósito de toda reencarnação. Cleide.
Foto cedida por - Magno Herrera Fotografias
“Acreditar
no ser humano é importante pra evoluir e fazer dar certo.”
Estava
tão envolvida com meu trabalho que não deu tempo de pensar nas minhas
necessidades femininas. Eu me vi envolvida num mundo onde não deu tempo de
parar pra pensar que era tudo tão difícil. Eu simplesmente fazia o que tinha de
ser feito. Morávamos numa terra onde tudo era tão difícil. Precariedade de
tudo. Necessidades infinitas e gente boa que trabalhava demais, sem ter muita oportunidade.
Terra da gente onde faltava água o tempo todo e ainda falta nos dias de hoje.
Não mudou quase nada (risos).
Eu
andava até as pernas doerem para prestar socorro. A mulherada já estava sendo
preparada quando eu chegava no lar. Normalmente os maridos estavam bem
apreensivos e cismados.
Todo
mundo quer um filho homem – dizia ele.
Eu achava aquilo tudo bobagem. Todo bebê é um presente. Coisa linda é fazer um parto. Dar condições de procriar a espécie e depois ainda ter a oportunidade de ver crescer o serzinho que ajudou a pôr no mundo. Quanta satisfação. Dois pontos fundamentais.
Eu achava aquilo tudo bobagem. Todo bebê é um presente. Coisa linda é fazer um parto. Dar condições de procriar a espécie e depois ainda ter a oportunidade de ver crescer o serzinho que ajudou a pôr no mundo. Quanta satisfação. Dois pontos fundamentais.
Primeiro: tem
médico que estuda tanto e não contempla os dons de Deus. Estuda, aprende tanta
coisa e não dá tempo de se emocionar com a vida. Que pena!
Gente
sensibilizar, se envolver com a espécie humana. Parar de falar mal da espécie que somos nós. Todo mundo tem um pouco de
Deus, faz parte dele. Ninguém é todo mal. Acreditar no ser humano é
importante pra evoluir e fazer dar certo.
Segundo
ponto importante da minha reflexão: reclamar não resolve problema. A gente não
tinha água, faltava comida, mas sorria, constituía família, trabalhava de sol a
sol sem a intenção de ter nada não, era só porque tinha que ser mesmo. Fazer o
que está no caminho e aproveitar cada segundo pra crescer, pra evoluir como uma
pessoa digna. Sem blasfemar, sem ficar reclamando, só fazer o que faz parte da
sua obrigação.
Obrigação
de pai, de mãe, de filho, de trabalhador. E ter fé. Ter certeza de que o melhor
vai acontecer. E isso é o que faz as pessoas terem filhos. Acreditar que o ser
humano tem um toque de divino e se as crianças puderem ser tão bem tratadas,
quem sabe no futuro serão pessoas muito melhores.
Governantes
dignos, profissionais capacitados, todos humanizados como todo mundo merece.
Porque gente, todo mundo só dá aquilo que tem. Só aprende com o exemplo e passa
o que recebeu. Eu acredito no ser humano e passei a minha vida toda trabalhando
para que fossem bem recebidos. Deus me abençoou e eu sou grata por tudo. Com
fé.
Maria A
25/05/17
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Trabalhar
o sentir porque quando a gente sente a proximidade com o Pai a gente tem
certeza de que está tudo certo. Quando a gente perde alguém a gente acha que
vai morrer. Morrer de tristeza, morrer de solidão. É uma dor tão forte no peito
que dá vontade de acabar mesmo pra não sentir mais. Eu também senti isso.
Primeiro quando pedi meu marido que foi embora com outra que apareceu no
caminho, depois quando perdi meu filho. Perdas irreparáveis e que me fizeram
desabar.
Eu
sofri com meu marido, mas é certo que amor por um filho nem se compara com amor
de um homem. Deus que me perdoe: eu precisei perder um filho pra aceitar que a
perda do marido nem foi nada. Eu perdi um elo importante com o mundo depois
daquilo. Não sei explicar. Nunca mais fui a mesma pessoa. Não desejo pra
ninguém. Tudo o que eu fazia, me fazia lembrar dele. Havia outros, mas quem tem
vários filhos sabe do que eu estou falando... Cada um é único, inconfundível e
incomparável. Todos importantes e essenciais na vida de mãe.
Meu
Ricardo morreu com quinze anos, vítima de uma bala perdida. Eu nem tive tempo
de pensar no tiro. Eu só queria que tudo aquilo pudesse ser evitado. Que ele
não tivesse saído de casa naquele dia. Que ele estivesse comigo, ao invés, de
estar naquele caixão. Me desculpem a franqueza. Eu nunca vou esquecer enquanto
estiver aqui. A dor é muito forte. Eu vivi, empurrando os passos. Vivi muito.
Vi
meus filhos casando e terem seus filhos, seus netos, mas nunca esqueci o
Ricardo. Sempre pensando como teria sido com ele. E no momento final eu ainda
me lembrei do meu menino. Eu sentia o fim tão perto de mim e olhei pro teto do
meu quartinho tão humilde, pedindo pra Deus me receber porque eu já tinha
vivido muito. Não senti nada além de uma dor no peito e vi meu filho entrando
no quarto. Tão lindo, como se o tempo não tivesse passado. Como estava lindo o
meu menino. A morte do corpo não separa para sempre aqueles que se amam. Eu
tive paciência e soube esperar o tempo de Deus pra mim. O meu presente não
podia ser melhor. Quanto amor eu tenho pelo meu filho. Quão agradecida fiquei
de poder abraçar o meu filho. Um abraço tão cheio de emoção que em nada era
reduzido por conta de nossos corpos astrais.
Ele
me pegou no colo, beijou minha testa e me conduziu junto com outros
trabalhadores para a colônia onde habito. Confiar nos planos de Deus minhas
amigas porque as mães recebem muito amparo. Agradecida de me expor. Fiquem com
Deus.
Maria F.
25/03/17
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Marias de Deus.
Somos todas Marias.
Mulheres guerreiras que não
fogem da luta, não fogem do trabalho. Mulheres sim, que sentem e se
sensibilizam, mas que recolhem seus cacos e prosseguem apesar da dor.
Todas nós com seus pontos
delicados de histórias conflitantes, mas que se descobrem a cada falha, se
descobrem merecedoras de amor.
Mulheres que germinam, que conduzem e que
ensinam em nome de Deus. Todas estas mulheres que poderiam receber qualquer
nome comum e que nada mais são do que filhas de um Deus que protege e
impulsiona.
Eu sou Maria sim.
De um nome comum.
Maria trabalhadora que viveu
num bairro comum, de uma casa qualquer. Maria que pegava o ordenado e que em
dias de chuva não comia mistura, no outro, não comia pão. Faltava tudo, sapato,
cobertor e até colchão, mas nunca faltou amor e união.
Eu criei com marido, não foi
sozinha não, mas todo mundo passa por privação. As provas são impostas, mas não
chega a ser por castigo é apenas por redenção.
Sou grata demais e isso ninguém
me tira, tudo o que aprendi segue comigo, daí da carne vim parar aqui na
colônia de Assunção. Onde os melhores amigos me aguardavam para que eu pudesse
apertar a mão.
Quanta honra ver gente
decente, gente de fibra seguir com uma única ambição. A de levar amor e salvar
uma pequena multidão.
Todos nós podemos levar apoio,
muito mais que pão e tratar do frio. Nós conseguimos erguer, falar e fazer brotar
um desafio.
Que todos os homens possam
ser melhores a exemplo daquele que por todos nos fez. Um homem que poderia ter
se esquivado e, ao invés disso, morreu como um rei. Que todos vocês saibam
contemplar as abençoadas oportunidades que estamos vivenciando e, apesar de
alguns tentarem interromper a trajetória... Quanta felicidade, quanto júbilo. Podemos
manifestar nossas singelas opiniões. Tão agradecida.
Maria B.
25/03/17
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Eu
não sabia que era assim. O pensamento nos envolve tão vibrante que é capaz de nos
arrastar. Enquanto encarnada eu perdi meu esposo vítima de câncer e me condoí
tanto com nossa separação que eu busquei de todas as formas uma resposta para
aquilo.
Fui
católica, mas procurava uma resposta, um consolo e fui atrás de um contato com
ele. Eu queria que alguém me afirmasse que ele ainda existia, que estava vivo a
minha espera em algum local. Eu procurei por tanto tempo um contato, mas nunca
obtive. Nunca entendi o porquê. Cheguei a achar que tudo era invenção de uma
religião que se aproveita do sofrimento dos outros.
Fiquei
com tanta raiva e depois de algum tempo não procurei mais pelas invencionices.
Segui minha vida como pude. Depois de algumas décadas até me esqueci dele em
alguns momentos, não orava porque me achava muito ocupada com os afazeres e os
netos. O tempo passou e também eu necessitei passar para este lado onde os
corpos são desnecessários.
Aqui
recebi auxilio e me encontrava no hospital fazendo o tratamento adequado para o
meu reestabelecimento quando senti uma dor forte na cabeça e um grito que tive
a certeza vir da minha antiga casa. Eu sabia que era o meu filho. Meu instrutor
me auxiliou para que eu não me impressionasse, pois isso poderia acontecer, eles
sentiam o meu desencarne.
Dias
depois eu fui fortemente arrancada de onde estava e me vi perto de uma mulher
para falar o que me acontecia. Eu não entendi nada e só percebi que meu filho
desejava saber de mim. Não deu tempo de falar porque logo meu instrutor se
aproximou de mim e me fez retornar. Ele disse que isso poderia ter ocorrido com
meu esposo.
Não se deve chamar porque não se tem
certeza do estado da pessoa, nem das suas necessidades.
Hoje
eu posso falar porque desta forma nem mesmo saí do local onde me encontro. A
carta pode ser enviada pelo doutor, mas é tudo muito delicado.
Eu
estou bem, feliz. Não poderia estar melhor. Já posso trabalhar e o melhor de tudo
encontrei com Ernesto tão tranquilo e sadio. Eu creio que serviu para meu esclarecimento.
Ninguém deve falar do que desconhece. Dar prova que é falso, que não acontece.
A comunicação é benéfica para os dois lados, mas o certo é aproveitar-se dos
desígnios de Deus e não ficar atraindo aqueles que necessitam de paz para
prosseguir.
Prece
e tranquilidade é o que podem enviar. Bons pensamentos. Irradiar o amor e a
felicidade. Desejar que estejam nos braços do Senhor Jesus porque estarão em
abençoadas companhias. Só Deus pra saber o caminho de cada um e o que devemos
aprender. Eu aprendi. Atenciosamente.
Maria Z.
25/03/17
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