Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“O
MAIS IMPORTANTE DE TUDO É AMAR”
“É
ENTREGAR O MELHOR DE SI PARA TODAS AS PESSOAS QUE CRUZAREM O SEU CAMINHO”
Não
tinha coversa. Eu tentava me aproximar dele enquanto era jovem, mas depois de
adulto me conformei com a situação. Nós éramos incompatíveis. Em tudo fomos
contrários. Houve sempre a sensação de que eu o incomodava e percebi que ele só
era assim comigo. Estranho porque ele via em mim um passado tenebroso, mas eu
não negava que era seu filho. Traços perfeitos que nos identificava a
paternidade. Minha mãe se ofendeu diversas vezes. Ela foi uma mulher
maravilhosa. Mãe dedicada e esposa carinhosa, mas sabe como é...
As
pessoas costumam ver o que desejam e criam monstros onde poderia ser um
verdadeiro paraíso.
Sempre
rejeitado, sempre excluído. Eu queria que tivesse sido diferente, mas nunca
foi. Eu adorava meu pai. Talvez, tivesse sido mais fácil se eu também o
rejeitasse ou se visse nele um homem ruim, mas ele era um exemplo de esposo,
trabalhador e até de pai para os meus irmãos. Eu o admirava e sempre quis uma
conversa sincera com ele. Eu fui um covarde. Eu fugi desta conversa porque
temia as verdades que pudessem ser ditas.
O
que ele poderia me falar que eu não sabia?
O
que ele teria para me apontar?
O
que poderia ser?
Será
que isso acontece com tanta frequência?
Pai
que não deseja filho?
Pai
que não ama?
Mas,
como eu poderia mensurar o amor que meu pai nutria por mim? Eu não o abandonei.
Tenho orgulho de afirmar que sempre estive ao seu lado. No dia do seu
desencarne fui eu quem tentou socorrê-lo. Nós precisávamos de mais um momento
onde o silêncio imperou entre nós. Nós precisávamos de mais um momento em que
eu me senti solitário ao seu lado. Eu tento não ser ingrato. Sei que já me
comprometi bastante no pretérito com filhos que não assumi. Fui um pai muito
leviano e irresponsável. Este pai foi, sem sombra de dúvidas, o melhor pai que
eu poderia ter porque ele foi presente sim. Ele me observou, me educou, me
alimentou e permitiu que eu tivesse uma excelente educação moralizadora, por
isso, eu fui aceito neste local e cumpri todos os planos que foram traçados,
graças a Deus, mas eu senti falta do que não tive, afeto!
Não
o culpo e sou grato pela próxima oportunidade quando nos reencontraremos
novamente. Agora de papéis trocados, voltaremos em novo seio doméstico para
potencializar este amor. Eu serei o pai, ele o filho e estou me preparando para
o regresso. Claro que temo, nós sempre ficamos apreensivos porque pretendemos triunfar.
Eu creio que é possível realizar coisas boas, intenção não me falta. O mais
importante de tudo é amar. Amar sem medo de ser feliz, sem vergonha de se
constranger. É entregar o melhor de si para todas as pessoas que cruzarem o seu
caminho. APROVEITAR TODOS OS DIAS E
ESPALHAR SEUS MELHORES SENTIMENTOS PORQUE NÃO SABEMOS QUANTO TEMPO NOS RESTA
PARA REALIZAR O QUE FOI PROPOSTO. Obrigada pela oportunidade.
FLÁVIO
02/09/18
-------------------------------------------Paula
Alves---------------------------
“AS
PESSOAS FALAM DO MAL E NÃO SE DÃO CONTA DE QUE O BEM ESTÁ POR TODA PARTE.”
Eu
só me lembro do fogo e das madeiras estalando, foi desabando e eu me preocupei
com as crianças, mas não deu tempo de correr. Eu estava tão zonza. Desencarnei
naquela noite e estava tão embriagada que continuei desvairada no vale. Eu só
procurava pelos cinco filhos que estavam comigo no barraco. Eu senti uma
presença tão perto de mim. Eu ouvi uma conversa. Era como se pessoas tentassem
falar comigo, mas eu não via ninguém que pudesse me dar informações. Era só um
bando de bêbados que procuravam por litros de bebidas e eu também queria tomar
um gole.
A
vida de viciado é um terror. A gente acha que vai acabar quando morre e a coisa
ainda piora. Fui tão irresponsável que mereci sofrer muito para perceber meu
erro. Quando conseguiram me retirar dali, eu já estava cansada demais para
correr atrás de bebida. Eu aceitei o tratamento de pronto. Os socorristas do
vale me trataram pouco a pouco, a gente nem imagina que tem tratamento no vale.
A gente nem pode imaginar que está sendo cuidado.
As
pessoas falam do mal e não se dão conta de que o bem está por toda parte. Feliz
de mim, feliz de nós porque viemos num grupo de oito pessoas viciadas em
álcool. A gente corria atrás de bebida porque estava alucinado e imaginava o
litro. Os socorristas deixavam plasmar a garrafa e aproveitavam para colocar
uma substância que nos tratava e, assim fomos recobrando a consciência, nos
libertando da necessidade da droga. Eu cheguei aqui agradecida pela oportunidade
e já fui tão bem tratada. Estava desesperada para saber das crianças e fui
informada que elas foram retiradas do local, só eu fiquei. Isso porque os
vizinhos não conseguiram me tirar. Eu não entendia que as crianças estavam a
salvo e insisti para voltar para o barraco em chamas. Doida de tudo.
Meus
filhos sofreram sim, deveras. Ficaram sem mãe, mas foram adotados. Tudo sempre
está nos planos de Deus. Eu não cumpri minha missão de mãe. Fui negligente,
irresponsável, fui ingrata com o abençoado ventre quando desprezei minhas
crianças, por isso, voltarei como uma lesão no útero que me tornará estéril.
Eu
não reclamo, mereço bem mais que isso. Agora terei que trabalhar duro para me
redimir e reparar o erro. Graças a Deus que eles não sofreram no fogo. Eu acho
que minha pena seria pior se eu tivesse em minha consciência a culpa de ter
feito mal a eles e, por isso, sou imensamente grata. JULIANA
02/09/18
--------------------Paula
Alves--------------
“AS
PESSOAS TÊM UMA ILUSÃO DE QUE PODEM ESCOLHER E QUE SUA ESCOLHA NÃO TERÁ
CONSEQUÊNCIAS.”
É
muita inversão de valores. Nós nos comprometemos com a lei sem nem perceber.
Isso tudo porque estamos muito envolvidos com a matéria. Hoje em dia tudo pode.
As pessoas têm uma ilusão de que podem escolher e que sua escolha não terá
consequências. Ledo engano!
Eu
era jovem, linda, bem sucedida e resolvi aproveitar tudo o que podia porque, afinal,
eu não era casada e nem tinha filhos. Eu sempre comentava com meus amigos que
achava um absurdo mulher que casa e trai o marido. Mulher que casa e não cuida
direitinho da família. Sabe aquela que coloca tudo na frente da atenção que tem
que dar para a criança? Esta eu recriminava, então, dizia que eu não tinha que
dar satisfação da minha vida para ninguém porque ninguém dependia de mim. Eu
pagava minhas contas e assumia meus compromissos. Era responsável no trabalho e
assistia meus pais em suas necessidades. Eu tinha uma vida perfeita e podia me
divertir para reduzir o estresse que meu trabalho me proporcionava, mas eu não
sabia que tinha que ser responsável comigo, com meu corpo e com meu plano de
vida.
Nunca
parei para pensar que eu tinha um objetivo um pouco maior do que trabalhar, ser
responsável e me divertir. Achei que isso já estava ótimo, mas me enganei. Eu
fui tão leviana quanto aquela que trai porque recusei um compromisso sério com
aquele que deveria me desposar. Eu fui negligente com as crianças que assumi
receber antes de reencarnar e me recusei a receber. Eu me envolvi em atos
sexuais que me dariam prazeres materiais e fizeram agredir os sentimentos alheios.
Eu provoquei a ilusão das pessoas quando elas acreditaram que poderiam ter
relacionamentos duradouros comigo, mas eu nunca os levei a sério. Eu não
imaginei que estava tão errada. Claro que sofri. Quando se aciona a Lei, o sofrimento
é absolutamente necessário para a pessoa recobrar a lucidez.
Eu
precisei ficar em locais onde tinha orgias, festas alucinantes, onde ficávamos
meses ouvindo músicas ensurdecedoras. Um dia de festa pode ser bom, mas a
eternidade é terrível. Eu percebi o estado doentio que podemos ficar. Pena que
foi tarde demais para mim. Estou em tratamento doutor há tanto tempo. Ainda
tenho tanto para aprender. Eu pisei na bola. Perdi a chance e eu tinha tudo para
dar certo porque tive uma família maravilhosa e o plano que todos desejam,
cercada de pessoas que eu amei. Agora estou temerosa do próximo plano. Vão me
ajudar a escolher e eu devo me preparar. Que Deus possa me iluminar.
SAMANTA
02/09/18
---------------------------------Paula
Alves---------------------------------
“INCRÍVEL
COMO OS SENTIMENTOS AFLORAM DENTRO DA GENTE”
Não
tem muito o que fazer, é só trabalhar e mais nada... Eu me envolvi com o
Armando e eu sempre fui apaixonada por ele. Às vezes, penso que não devia ter
me casado com ele. Eu me entreguei e permiti que ele fizesse de mim o que bem
entendesse. Eu me anulei. Ele me castrou em todos os meus sentimentos de
mulher. Pouco a pouco, percebi que eu não visitava mais minha família, não
tinha amigas e nem me arrumava. O malandro falava de um jeito que me
conquistava toda. Ele não gostava de trabalhar, saia e não me dava explicação.
Se arrumava todo e ainda pegava o meu dinheiro da faxina, de lavar roupa para
fora.
Aí
fui trabalhar numa casa e conheci uma patroa genial que foi me aconselhando.
Falava que mulher precisava se arrumar, ter um pouco de vaidade, mas ela não
sabia o quanto custava minhas contas. Eu tinha duas crianças pequenas e era tanta
despesa, então, fiquei banguela. Não conseguia dinheiro para o dentista, era
muito caro para mim. Ela ficou indignada com minha situação e pagou o dentista,
comprou o dente. Eu fiquei tão feliz e quando o Armando chegou em casa, viu meu
sorriso novo e começou a falar que eu estava ganhando bem e queria dinheiro
para fazer um passeio. Como assim?
Ele
nem trabalhava porque falava que tinha problema de coluna, mas estava sempre
bem limpo e cheiroso, cabelinho cortado. Eu falei que não ganhei aumento, a
patroa pagou o dentista. Aí foi uma briga feia, ele falou que eu tinha amante.
E eu tinha tempo para isso? Com tanto serviço, casa e crianças. Veio para cima
de mim e me deu um murro. Eu não podia aceitar mais aquilo.
Na
igreja o pastor falando que não tinha motivo para separação, como assim? Ele
nem me tratava como esposa, ele estava me explorando. Eu precisei trabalhar na
casa de pessoas de bem. Eu precisei ver o jeito que o casal se tratava e
tratava os filhos. Eu precisei ouvir umas verdades e ser bem tratada por gente
que nem era da minha família para perceber que ele me explorava.
Gerou
uma revolta em mim e eu quis matar o covarde. Incrível como os sentimentos
afloram dentro da gente. Incrível como de uma hora para outra a gente muda a
reação e aquele amor acabou. Eu me vi como uma mulher que merecia ser bem
tratada e não esmurrada. Eu tinha que dar satisfação, ser valorosa e aceitar as
migalhas de afeto que ele me dava. Porque se satisfazer na carne não significa
amor.
Fui
embora. A casa era de aluguel. Fiz as malas e fui embora com meus filhos sem
deixar nem bilhete. Chorei, chorei muito quando percebi quem ele era. Soube de
muitas namoradas, de muitas falcatruas e me arrependi da vida que levei com
meus filhinhos que mereciam um lar de verdade. Pedi tanto a Deus um lar de
verdade que depois de três anos conheci um irmão em Cristo que me ofereceu o
seu amor. Eu vivi com este homem por trinta anos e foi uma benção para nós. O
amor próprio também é importante.
NÃO SER CAPACHO TAMBÉM TRAZ UM
IMPORTANTE APRENDIZADO.
Não
desejo mal a ele, depois de algum tempo eu fiquei penalizada porque eu o vi
sozinho bebendo num bar. Eu tive uma vida boa com meu novo esposo e meus
filhos. Fui uma esposa valorosa e recebi o afeto que desejava receber. Sou
agradecida por isso e desejo que as mulheres possam se valorizar.
SAIBAM MOSTRAR O SEU DEVIDO VALOR E
MOSTRAR PARA O MUNDO O QUANTO MERECEM SER BEM TRATADAS COM MANSETUDE E
CORDIALIDADE, MAS DEIXANDO CLARO QUE O RESPEITO E A CUMPLICIDADE SÃO
IMPRESCINDÍVEIS NUM BOM RELACIONAMENTO PARA SUSTENTÁCULO DO
LAR.
CLAUDETE
02/09/18
----------------Paula Alves------------
----------------Paula Alves-------------------------------Paula Alves------------
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“TANTA OPORTUNIDADE E TANTAS CONVENÇÕES
PARA EXPLICAR QUE VOCÊ NUNCA TERÁ VOZ”
Você
me pergunta se valeu a pena e eu não sei o que responder. Eu perdi tudo o que
tinha e eu tinha muito. Tive bons pais e uma esposa. Eu tinha três filhos
adorados e tinha minhas convicções do que seria um país perfeito. Um país onde
todos poderiam viver numa democracia sólida e real.
Eu
lutei por justas condições de trabalho que me permitissem sustentar minha família
com dignidade. Eu desejava ter voto que fosse realmente meu. Eu desejava que
tudo fizesse sentido e não queria engolir tudo o que os governantes achavam que
éramos obrigados a aceitar. Eu conversei com amigos que tinham os mesmos ideais
que eu. Pessoas decentes que só desejaram viver em paz, mas fomos criticados
pela própria sociedade e fomos obrigados a fugir, nos esconder como se fossemos
marginais. É muita covardia inverter os papéis, de repente, viramos fugitivos e
qual seria o nosso crime?
NÓS NÃO ESTÁVAMOS ACEITANDO UM GOVERNO
DITADOR, CRUEL E CHEIO DE RACISMO, CHEIO DE FALSO MORALISMO.
A
História devia ser contada com todos os seus pormenores e todas as gerações deviam
ter mais respeito por tudo o que vivemos e passamos. Eu fui morto com um tiro
pelas costas. Eu estava desarmado, eu nunca soube atirar e nem pensei que, um
dia, precisasse me esconder, revidar ou me defender. Eu só queria uma vida
decente e mais nada. Minha família sofreu demais, porém, não menos do que
qualquer outra que perdeu um ente querido numa guerra interna. País sem guerra?
Uma ova.
Tanta
oportunidade e tantas convenções para explicar que você nunca terá voz.
QUEM PUDER FALAR E SE EXPRESSAR, QUE
FALE!
Quem
puder revelar certa lucidez mental que possa raciocinar e desvendar os olhos da
maioria. Eu sabia que tudo estava perdido para mim quando tive que me esconder
e quando meus familiares tiveram vergonha de mim, mas pensei que poderia servir
para as gerações futuras.
Eu
não sei se valeu a pena porque eu vejo que todos estão sem rumo. Na minha época,
nós tínhamos certeza de nossos anseios e tínhamos motivo para lutar. Hoje, eles
não se reconhecem, não sabem sonhar e não sabem se reconhecer como seres
humanos. Eles entregam seus entes queridos por migalhas e vendem a própria alma
por um artigo de luxo ou qualquer coisa que chame a atenção dos seus
adversários. É doentio. Eu acho que eu perdi demais. Eu perdi demais.
JÚLIO
09/09/18
---------Paula
Alves----------
“EU
FALHEI E FUI DESLEAL AO MEU GRUPO DE ATUAÇÃO”
Eu
já paguei minhas contas doutor. Eu devia estar quite com a Lei, mas fui
informada que ainda terei de passar pelas provas necessárias para o meu
resgate. Será que isso não tem fim?
Me
informaram que está relacionado ao arrependimento sincero. Eu compreendo, mas
quem sabe o que há no meu coração? Eu já me arrependi e, mesmo assim, terei de
voltar e conviver com aqueles que estavam ao meu lado. Como terei a certeza de
que não me incentivarão a errar novamente?
Eu
vendi informações. Sim, é verdade. Eu falhei e fui desleal ao meu grupo de
atuação. Foi grave o que fiz porque custaram várias vidas de pessoas que
estavam envolvidas direta e indiretamente. Relembrando os fatos, sei que não
pensei em nenhum deles. Eu, nem mesmo, me esforcei para pensar que tinham
famílias, vidas e sentimentos. Muitos estavam realizando um trabalho sério e eu
os comprometi. Fiz tudo para me elevar na carreira promissora que sempre sonhei
e de fato consegui tudo o que queria, porém, quando desencarnei sofri deveras.
Fui
encaminhada, pela própria consciência culpada, ao local onde fui feita de
prisioneira e recebi uma série de castigos que me deixaram um farrapo humano.
Eu senti dor, angústia, vergonha, mas arrependimento? Não sei quando senti.
Eu
falo sinceramente porque não preciso mentir, você vê e sente, portanto, seria
inútil. Eu me revoltava mais e mais. Jurei para mim mesma que um dia sairia
dali e me vingaria de todos eles. Os mesmos que fiz sofrer por uma promoção. Eu
me nutri daquele sentimento e, pouco a pouco, modifiquei meu aspecto adquirindo
uma força que nem sei de onde extraí. Hoje acredito que tudo é possível para o
ser pensante. Nós podemos, com o poder do pensamento, nos manifestarmos da
forma que quisermos e eu me transformei. Num dia qualquer, quando chegaram na
caverna para me açoitar, eu estava completamente diferente. Lembrava uma
guerreira invencível de algum filme mitológico. Eu destruí o lugar e feri
muitos deles, meus algozes que cobravam o devido acerto de contas.
Eu
saí me sentindo indestrutível e levei muito tempo para compreender que estava
embrutecida. Eu não sinto mais. Não sinto nada. Acho que me arrependi quando
consegui enxergar minha mãe clamando por mim. Foi uma fração de segundos que me
tiraram as forças. Todos nós temos um alguém que nos dedicou afeto e
conseguiria nos tocar em qualquer parte, a qualquer hora. Ela foi meu tendão de
Aquiles. E foi por ela que cheguei aqui. Ainda não consegui modificar meu
aspecto. Eu gosto de ser assim e não sei por onde começar a limpar minha
consciência. Tudo tão errado. Tudo tão imoral e eu não sou a única errada nesta
história.
ALEXIA
09/09/18
-----------Paula
Alves----------
“EU
QUERIA TER O CONTROLE DA VIDA E DA MORTE”
Eu
estudei para curar. Eu amava a medicina, mas curar doentes não paga as contas e
nem poderia pagar os seminários internacionais, os doutorados, as pesquisas que
eu sonhava em fazer. Eu tive uma mente brilhante e necessitava ampliar os
conhecimentos que gritavam em mim.
Mas
como? Tratando doentes?
Eu
estudava e tinha a ambição de descobrir a salvação para males incuráveis, eu
desejava modificar o mundo. Também queria o reconhecimento, o prestígio e a
bajulação. Quando conheci Filomena, percebi que a fortuna do seu pai poderia me
proporcionar tudo aquilo, mas não imaginei que o pai dela também tinha planos
para mim.
Nos
casamos e meu sogro, gradativamente foi me apresentando pessoas de alta posição
com cargos públicos que necessitavam de mim. Pessoas importantes que quase sempre
têm pessoas para eliminar. Tudo tinha que ser feito dentro da lei humana. As
pessoas adoecem e precisam de tratamento médico, mas nem sempre as moléstias
são curáveis e, por vezes, necessitam de apoio médico para o alívio dos seus
infortúnios. A verdade é que eles precisavam de alguém para eliminar estas
pessoas e eu fui muito bem recompensado para fazer o serviço. No início, achei
terrível. Me questionei se os medicamentos e as injeções letais estavam sendo
usados com requintes de crueldade. Me lembrei de Hitler e tantos outros que
também tiveram seus motivos para exterminar. Eu quase enlouqueci, mas quando
fiz a primeira pesquisa, tive meus motivos para continuar. Eles foram vários,
por anos cometi crimes que nunca foram descobertos. Nomes que desapareceram,
pessoas que jamais foram encontradas.
Eu
vivi e quase me aproximei da elucidação de problemas reais para a sociedade.
Descobertas científicas que poderiam salvar o mundo, mas eu já não podia mais
ter este mérito porque estava sujo demais, devido os crimes que cometi. Hoje eu
entendo que eu poderia ter sido um médico de caráter e ter feito as descobertas
que estavam no plano. Eu me vendi. Eu fui cruel, desonesto com minha careira e
comigo mesmo. Eu devastei o senso de humanidade que estava em mim. Desencarnei
de forma bruta por um grupo de pessoas que desejavam se vingar pelo que fiz ao
pai deles. Eu sofri e lembrei de Deus. Naquele instante, me lembrei que tem um
ser que chefia tudo e eu querendo dominar a Lei.
Eu
queria ter o controle da vida e da morte. Vai levar muito tempo para refazer
esta consciência doutor. Muito tempo para estar propenso a voltar. Muito tempo
se passou e sei que precisaria de um defeito muito grave para estar apto a
voltar na sociedade. Deus tenha piedade de todos os insanos. RICHARD
09/09/18
------------------------Paula
Alves-------------------
“QUANDO
OS BONS SOUBEREM QUE DEUS AMA A UNIÃO E QUE IRMÃO NÃO PRECISA COMPETIR COM
IRMÃO, O MUNDO VAI MODIFICAR RAPIDINHO”
Acima
de tudo, Deus. Eu fiz um trabalho de formiga e pensei que nunca seria
observada. Chorei, desanimei e pensei que o mundo nunca fosse mudar. Olhava
para a pobreza e para a discriminação e me doía ver o quanto as pessoas não se
interessavam pelas outras. Eu não tinha como ajudar porque faltava de tudo, mas
eu desejava ser ouvida. Queria que eles soubessem que, se todos estivessem
unidos num mesmo ideal, tudo poderia mudar e ser muito melhor.
Eu
ouvi em casa que tudo era tolice e que, gente da favela, nunca teria uma
oportunidade. Meus irmãos achavam mais fácil vender drogas, meu pai achava mais
fácil beber e minha mãe saia para dançar porque a vida era difícil demais para
a gente viver chorando e reclamando. Eu pensei que não fazia parte daquilo. Eu me
achei diferente e queria ser como eles. Seria mais fácil porque eu poderia
conviver com aquela desigualdade em paz. Passar perto do casão e ter que atravessar
a viela, passar pelo esgoto aberto e chegar no meu barraco.
Crise
de tudo, emprego, água, moradia, escola, creche, saúde e vergonha na cara. Eu
tinha uma revolta que me empurrava para fazer alguma coisa e me candidatei na
comunidade. Eu queria ajudar as pessoas a arrumarem a própria vida, mas nem
sabia por onde começar. Orava tanto que Deus foi colocando as pessoas melhores
do mundo no meu caminho e a gente fundou uma ONG. Arrumamos trabalho para muita
gente, ajudamos as crianças com escola e creche, os médicos chegaram na
comunidade e eu encontrei muita bondade no mundo.
Eu
não fiz muita coisa, mas consegui perceber uma modificação no olhar das
pessoas. Parecia que elas estavam se enchendo de esperança e fé. Eu falava de
Deus e de Jesus. Eu dizia que a gente tem que saber que nunca está sozinho e
saber que só acontece o que tem que acontecer para a gente melhorar porque o
Pai quer seu filho feliz, mas não pode dar sempre de mão beijada.
Eu
sabia ver o que Ele estava fazendo por nós e eu gostei de ser usada como instrumento
para levar a luz aos olhos de tantas pessoas.
A MENSAGEM QUE EU DEIXO É QUE AS PESSOAS
BOAS TÊM QUE FICAR MAIS ATENTAS AOS PLANOS DE DEUS.
Os
Bons são muitos, eles só têm que se encontrar para fazer barulho. Barulho de
fé, de ânimo e entusiasmo. Quando os Bons souberem que Deus ama a união e que
irmão não precisa competir com irmão, o mundo vai modificar rapidinho.
LIANA
09/09/18
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“EU
ME DEPAREI COM UM VILÃO E A VIDA TODA EU ACHEI QUE FOSSE UM HERÓI”
São
tantas histórias, tantas pessoas. Notei que facilmente nos envolvemos na vida
dos outros. Quando eu desencarnei, fiquei tão confuso, atordoado. Parecia que
eu não sabia mais da minha história. Os acontecimentos se misturavam e eu não
sabia qual daquelas personagens era eu. Ficou tão estranho porque as situações
que me envolviam faziam crer que eu era o vilão o tempo todo e eu me arrependi
quando analisei de fora da situação.
É um
momento importante quando você constata que errou. Você se pergunta se queria que fizessem tudo aquilo com você, apesar de
seus nobres motivos. E eu me via na terceira pessoa e iniciei um
questionamento sobre o que aquela pessoa queria fazer com a vida dela, eu.
Eu só queria a felicidade como todo
mundo. Só que a minha felicidade, muitas vezes, estava ligada a infelicidade de
alguém e, assim, não vale. Aprendi que, quando você lucra com a
infelicidade dos outros, você só perde porque a Lei tira de você, mais cedo ou
mais tarde, o que era valioso no seu julgamento. Foi isso o que aconteceu
comigo.
Eu
me deparei com um vilão e a vida toda eu achei que fosse um herói. Eu pensei
que fizesse o bem para todos porque eu tive influência, fui importante nos
meios sociais. Meus familiares tiveram tudo o que podiam ter, menos a mim que
sempre estive tão ocupado. É sempre a mesma versão do arrogante. Ele paga pelo
silêncio alheio. Ele banca e faz todos ficaram sem palavras com esta atitude.
Há quem diga que vale mais um abraço ou um apoio, atenção. Eu vi nas minhas
análises que as pessoas sofreram a minha ausência e eu estava bem perto delas,
mas com quilômetros de distância, afinal o pensamento não tem limites. Eu me
arrependo do que perdi com eles. Eu me arrependo do quanto eu neguei a presença
e, por isso, eu nem os conheci. Aí, um dia você morre e que estranho! Você
continua bem vivo com todo questionamento que sempre teve. Eu nem sabia para
onde ir e me aproximava de pessoas que eu nunca vi. Quando você chega bem perto
do encarnado, ele revela fatos, pensamentos e sensações. É impressionante! Eu
me deparei com um mundo incrível. Muitas pessoas de todos os tipos que me
deixaram intrigado sobre muitos assuntos.
Eu
mudei a opinião e senti. Até tentava ir embora, mas não conseguia e me envolvi
com eles. Assim, eu entendi o que quer dizer irmãos. Somos um. Parte de um
todo, filhos do mesmo Deus. Todo poderoso e onipresente. Estou aceitando aos
poucos e estou muito otimista porque, deste lado, tudo é possível. Temos uma
força que nos impulsiona e que ainda não sabemos compreender e nem como
utilizarmos, mas chegará um dia em que acreditaremos no invisível e saberemos
trilhar o caminho do Mestre rumo à evolução. A vida é maravilhosa.
KAIQUE
16/09/18
------Paula Alves-------
“TANTA
COISA QUE A GENTE FAZ PELO ORGULHO”
Eu
faria tudo para defender meus filhos, tudo. Nasci para ser mãe e abdiquei de
muitas coisas pelo bem deles, mas sempre me orgulhei de mostrar o quanto me
dedicava. Tive cinco filhos, dentre estes três meninas. Eu tinha pavor de
vulgaridade e ser mãe solteira naquela época era terrível. A mulher era
humilhada por todos e eu não queria nada disso para as meninas. Procurei
apresentá-las para os filhos de minhas amigas para que pudessem fazer bons
casamentos, assim como os rapazes que tentei unir com moças da nossa igreja
para que fossem bem cuidados por moças íntegras e amorosas. Eu só queria o bem
deles, eu queria o melhor.
Meu
marido sempre disse que eu era controladora demais e nunca pensei que eles
podiam se envolver com qualquer um e ainda assim encontrar uma boa família, um
bom caminho, mas eu achava que eles podiam sofrer se eu não os auxiliasse. Eu
consegui encaminhar quatro deles para relacionamentos que acreditei serem
promissores, mas Ana Beatriz nunca aceitou meus conselhos. Parecia que ela
fazia para me afrontar. Cismava em sair para festas que eu não aceitava e tinha
amizades que eu detestava. Eu queria que ela se casasse com um rapaz que era
amigo do meu filho mais velho. Nós o conhecíamos desde a infância, mas ao invés
disso, ela se encantou com um homem bem mais velho. Eu nunca gostei dele. Tinha
um emprego que o obrigava a viajar e isso para mim seria horrível porque ele
podia levar minha filha para viver longe de mim.
Não
adiantou conversa, a menina parecia me afrontar e quanto mais eu falava, mais ela
se envolvia com ele. Em minha mente desfilavam momentos em que ele a traia,
batia nela e eu sofri por antecipação uma situação onde ela nunca seria feliz.
Mas, um dia ele ligou dizendo que precisava que eu desse um recado à Bia. Ele
precisava muito viajar e ligaria, assim que se estabelecesse na nova cidade. Eu
me aproveitei da situação e nunca dei este recado a ela. Como se não bastasse,
eu mudei o numero do nosso telefone para que ele não conseguisse falar com ela.
Tão insistente, mandou cartas que eu rasguei e quando ele finalmente retornou,
ela já estava noiva do rapaz que eu admirava. Minha filha sofreu muito, mas
naquela época, eu achava que era um romance tolo que cederia espaço ao amor
maduro e verdadeiro de um esposo. Isso nunca aconteceu.
Ele
voltou, eles brigaram porque ela achou que ele a havia enganado. Isso por causa
de minhas falsas acusações. Ela se casou e estava tão triste que começou a
beber. Ela se viciou e foi infeliz a vida toda. Eu tive que conviver com isso
para ter certeza do quanto devemos ter cuidado com o que fazemos de nossa vida
e da vida das outras pessoas. Eu sinto muito pelo que fiz. Nunca poderei
reparar tanto erro.
Eu a
amava e como fui capaz de causar tanto mal?
Eles
se gostavam muito e nunca foram felizes com outras pessoas. Eu estava enganada
e acho que fui uma péssima mãe. Tanta coisa que a gente faz pelo orgulho. Como
mãe eu nunca deveria ter otimizado uma vida para eles. Eu não devia ter me
metido, influenciado, armado situações. Eu fui muito leviana com meus filhos e
não sei como posso corrigir tudo isso. Acho que é tarde demais.
MARIA ISABEL
16/09/18
-------Paula Alves--------
“EU SÓ ESTOU AQUI POR CAUSA DE ALGUÉM COMO
VOCÊ”
Intriga
e persuasão. Tem gente que até tem bom coração e gestos nobres, mas todo mundo
tem seu preço. Fazer o quê?
As
pessoas se vendem.
Cada
um com seu orgulho.
É só
saber onde está o ponto fraco e pronto.
É
por ali que a gente entra. Quando as pessoas perceberem o que devem fazer para
blindar, aí progredirão, mas antes disso, tem que conseguir controlar os
próprios instintos. Acho que isso é que é difícil porque eles querem ser bons,
mas quando chega na hora de festejar deixam de lado qualquer faminto. Eles
adoram uma criança carente, mas quando têm que namorar, abandonam o trabalho
edificante. São iluminados, mas apagam a chama da verdade por um rabo de saia,
com família?
É
muito fácil. Até tivemos alguns desafios, mas todos vencidos com certa
persuasão. É só penetrar o pensamento que conseguimos tudo o que desejamos. Você
me pergunta se vale a pena e eu sei que não vale porque é da Lei. Tudo o que
vai, volta e eu também já fui perseguido e muito.
Não
desejo para ninguém a vida que tive. Se você me perguntar se nós destruímos
aqueles lares, eu vou responder que não. Claro que não porque eu não levei
ninguém para traição, levei?
Simplesmente
você planta uma ideia que é aceita com a maior vontade. Se você me perguntar se
nós destruímos a amizade de longos anos, eu vou responder que não. Claro que
não porque eles sempre tiveram inveja um do outro, eles sempre competiram.
Onde
estava a sinceridade?
E aquele
que deveria ser o pastor?
Ele
caiu, fez ruir a igreja?
Mas,
ele não seguiu o Mestre, ele não tentou iluminar. Ele sempre se beneficiou
disto ou daquilo. Em nenhuma destas pessoas existia um sentimento bom
sinceramente.
Ninguém
com amor.
Ninguém
seguindo a Lei de fraternidade.
Ninguém
preocupado com o próximo.
Ninguém
preocupado com o carente.
Uma
vez, eu vi um homem que se preocupava com os demais. Este homem era pobre,
sozinho e ainda assim, sabia dividir. Ele protegia os animais e unia os homens.
Ele nunca teve notoriedade, nem reconhecimento. De tempos em tempos, eles
reaparecem e conseguem fazer obras tão lindas e singelas que fazem uma luz
brotar até no mais duro coração. Se você é uma destas pessoas, alegre-se! Eu só
estou aqui por causa de alguém como você. TURCO
16/09/18
--------Paula Alves-------
“EU
TENHO QUE APRENDER A SER MAIS TRABALHADORA, CONTROLADA E ATIVA”
Eu
já aprendi algumas coisas, mas ainda não acho correto ter que voltar tantas
vezes. É teste esta tal reencanação, por isso, tem gente que não acredita em
nada disso. Ter que renascer, esquecer tudo o que a gente viveu para acertar.
De
olhos vendados? Para quê?
É
claro que eu errei. Eu me enganei, eu tropecei e deixei passar várias
oportunidades. Eu estou até com preguiça de começar tudo de novo. Eu sei que
vou fracassar. Mais uma vez, na mesma família. Ficou tanta coisa pendente. Eu
tenho que aprender a ser mais trabalhadora, controlada e ativa. Eu tenho esta
mania de ficar esperando pelos outros. Espero cair do céu e as oportunidades
passam diante de mim, eu não fiz nada. Muito chato chegar aqui depois de
cinquenta anos, cabelos grisalhos, avó e me deparar com tantos erros por causa
da inércia.
Eu
dormi tanto, eu tinha um cansaço que não sei de onde vinha. Tanta coisa para
aprender, tanta coisa para fazer e eu não fazia nada. Sabe aquela vidinha de
sempre?
Todo
dia a mesma coisa, todo dia igual sempre. E eu ainda reclamava achando tédio,
mas como?
Se a
vida quem buscou fui eu. Acho que é isso que a gente não entende, cada um tem a
vida que procurou.
Se você está doente é porque nunca
cuidou bem da sua saúde.
Se não tem ninguém é porque você nunca
tentou se aproximar das pessoas.
E
assim por diante. Tem gente que reclama, mas aí fica mais fácil entender que
todo mundo planta o que colhe. A gente procura. Eu ainda falava que tinha
depressão, tristeza. Lógico, porque eu tinha que justificar aquela apatia. Enorme.
Olhava no espelho e ficava infeliz, mas só comia e não me movimentava. Casa
para cuidar, tudo para fazer e eu dizia que tinha dor. Falei tanto da dor que
uma hora ela chegou de verdade, tinha desgaste para todo lado, nova, apenas
cinquenta anos. Cheguei aqui com esta cara de quem não se esforçou.
Que
pena que eu sou assim, porque eu estou me envolvendo aqui nos trabalhos para ver
se volto melhor e já entendi como as coisas funcionam. Tem muita coisa para
aprender, muita coisa para fazer. Ainda mais nos dias de hoje, é tão fácil se
instruir e ter conhecimento. Eu estou mais animada com as amigas que eu conheci
aqui. Pode ser que, depois desta experiência, eu retorne mais ativa. Em busca
de ser útil para mim e para todos os que estiverem ligados a minha pessoa.
JANETE
16/09/18
----------Paula Alves-----------
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“NÃO
É O QUE SE FALA, MAS COMO SE FALA”
As
pessoas têm que ser autênticas. Falam o que pensam e demonstram o que sentem.
Mas, eu não pensei que ficaria tão explícito. Eu cheguei deste lado tão
destemido. Sabia exatamente o que tinha acontecido comigo. Briga numa empresa.
Eu era o gerente e nunca poderia imaginar que meu subalterno teria a coragem de
me enfrentar fora da empresa. De terno e gravata com a arma em riste para mim.
Foi um tiro certeiro. Eu só tive tempo de rir. Eu achei graça porque ele sempre
me pareceu um covarde. A verdade é que eu o humilhei tantas vezes. Desencarnei
e nem me dei conta porque continuei com a gargalhada. Depois, achei estranho
porque ele se desesperou e correu. Quando olhei para o chão, ali estava meu
corpo inerte.
Falei
o que pensava e morri por causa disso. Não é o que se fala, mas como se fala. A
intenção sobressai qualquer palavra e o sentimento fica profundamente estampado
nos olhos. Eu era atrevido e voraz, tanto que rapidamente, após o desencarne,
adotei a imagem que combinava com meu jeito de ser. Parecia um dragão, impiedoso,
invencível. Na hora, eu não compreendi o que estava acontecendo. Eu estava me
distanciando do aspecto de homem para me transformar numa criatura. Eu não sei
explicar o que se passou em minha mente nos anos que se seguiram. Eu precisava
suprir minhas necessidades e acredito que isso tudo estava ligado a forma como
vivi.
Eu
só desejava e buscava conseguir meu objeto de ambição. Isso não tem nada de ser
humano, racional e dotado de emoções.
É O EU A TODO CUSTO E SÓ.
Só
desejava e conquistava, mais nada. Fui direcionado para um local onde os seres
eram distorcidos como eu. Muitos parecidos como animais, muitos sem razão. Hoje
eu me questiono e percebo que as pessoas se permitem passar por isso porque se
perdem de Deus que deveria ser a nossa âncora porque, apenas Ele, nos permite
abaixar a cabeça para sermos criaturas, sabendo que Ele é soberano e nós temos
tanto para alcançar, para assimilar, para evoluir.
Eu
nunca pensei em Deus e nem pensei que todos os homens são iguais e merecem o
direito de se expressarem. Todos os homens merecem o direito de mostrar o seu
potencial. Eu podia ter me expressado com mais delicadeza. Eu poderia ter
compreendido e auxiliado mais, só que minha vontade sempre foi de menosprezar e
humilhar, eu gostava da sensação de superioridade e usava isso no meu setor de
trabalho. Fui socorrido por um familiar que muito me amou, depois de ficar me
debatendo como um dragão. Necessitei de tantos cuidados, já faz tanto tempo que
estou em terapia e ainda tenho este aspecto estranho. A mente precisa de
desbloqueios e sei que levarei isso para a próxima jornada.
Uma
existência com muitos problemas de pele para expurgar o que não eliminarei
aqui. Eu sou grato por todos que trabalham em prol de nossa recuperação. Sou
grato às pessoas que nunca se esqueceram de mim e também a todos aqueles que
mereceram o meu perdão e me perdoaram. Gratidão.
TIAGO
23/09/18
--------------Paula
Alves-----------
“SERÁ QUE AS PESSOAS NÃO SABEM O QUE É
REALMENTE IMPORTANTE?”
Eu
gostava de velejar. O mar me proporcionava calma e leveza. Eu poderia me
distanciar do mundo e dos meus problemas e viver ali sozinho por dias, mas eu
tinha família, trabalho e uma série de questões que tinha que resolver.
Por
que as pessoas têm que ter responsabilidades?
Eu
me arrependi de me casar, me arrependi de ter tido filhos porque em determinada
fase da vida só o que você tem são os problemas para resolver. Você descobre
que as pessoas não são o que elas te afirmaram ser. Você percebe que será bem
tratado, enquanto fizer algo de bom para elas e a partir do momento que você
discorda ou contraria, você já não serve mais. Foi assim comigo. Nunca fui
infiel, nunca fui irresponsável e vivi para minha família, mas notei que minha
esposa estava distante.
Tudo
começou com um problema financeiro que poderíamos ter superado se tivéssemos
reduzido os nossos gastos, mas minha esposa informou que não podia reduzir
porque tinha que manter o padrão na sociedade. Eu não acreditei que estava
ouvindo aquilo porque ela nunca precisou trabalhar e eu estava quase perdendo o
meu emprego. Eu nunca fui corrupto, nunca fui ladrão, tinha um bom emprego,
ótimo salário, mas ela não entendeu.
Simplesmente
não quis ouvir e disse que era impossível deixar o golfe, a academia, os cursos
e a viagem que combinou com as amigas. Eu me senti um fracasso de homem porque
eu precisava de ajuda. Nós tínhamos três filhos que quase nunca estavam em casa
porque estavam sempre no internato e me questionei quanto à seriedade do meu
relacionamento.
SERÁ QUE AS PESSOAS NÃO SABEM O QUE É
REALMENTE IMPORTANTE?
Onde
eu estava naqueles quinze anos de relacionamento que só enxergava minha esposa
naquele momento? Eu quis esganá-la. Eu quis gritar, mas eu sufoquei todos os
meus sentimentos e fui velejar. Eu estava tão neutralizado com minha
experiência familiar. Estava frustrado e desenganado. Era tudo tão ruim dentro
de mim que não pensei duas vezes. Eu arrumei um material bem pesado e me
amarrei a ele. Olhei o mar e só pensei em sumir. Me atirei e pensei que tudo
acabaria, mas só foi o começo do fim. Não vale a pena mencionar o quanto sofri
e o que senti com o afogamento. Sei que, como num filme, nós sempre almejamos
um final feliz, mas eu acabei com a história por pura covardia. Não sei o que
foi feito deles. Eu nunca quis saber porque eles nunca se importaram comigo. Eu
posso ter sido egoísta porque não pensei nos meninos que ficaram órfãos de pai,
mas ela acabou com minhas expectativas.
Eu
fui orgulhoso e egoísta, eu sei. Ainda preciso entender tantas coisas. Não
posso me decepcionar com as pessoas porque cada um tem sua trajetória de
aprendizado e têm a mentalidade vinculada ao que aprendeu com a família que
teve e com as virtudes que adquiriu ou não. Eu também. Talvez tenha feito de
vingança para que ela perdesse o marido que sempre a sustentou e não pode
contar com o seu apoio no caso da dificuldade.
EUCLIDES
23/09/18
-------Paula Alves------
“QUEM
OFENDE NÃO IMAGINA O QUANTO PODE FERIR”
Aquilo
era uma loucura. Eu ainda tenho lembranças tão reais como se estivesse no meu
local de trabalho agora mesmo. Funcionária pública, eu lidei com as pessoas por
mais de trinta anos e nunca fui observada com respeito ou amistosidade. As
pessoas acham que a gente se encosta, acham que é tudo muito fácil, mas não é
bem assim.
Eu
tinha que lidar com todo tipo de gente e ainda tinha que ser educada,
simpática. Fazia o que podia se feito e quando não dava jeito, ainda era mal
tratada. Sem contar das várias vezes que senti adoecer porque as pessoas
chegavam mal perto de mim. Sei lá. É como se a gente fosse uma esponja. Eu
minguava e sentia dores terríveis. Eu ainda lembro de alguns rostos, de algumas
brigas intermináveis. Quem ofende não imagina o quanto pode ferir. É tudo por
um pouco de dignidade.
Eu
precisava trabalhar, não era apenas porque eu adorava sair de casa não. Eu não
trabalhava por prazer, não tive uma carreira que pudesse me orgulhar ou que
tivesse sonhado, eu tinha meu trabalho e era agradecida porque podia pagar
minhas contas e viver com independência, mas era só isso. Chegava em casa
sozinha. Não tinha ninguém para conversar. Ninguém para desabafar o que
aconteceu no meu dia. Às vezes, eu chorava porque sabia que no outro dia eu
teria que começar tudo de novo. Acho que foi uma prova passar por aquele trabalho,
ter que suportar aquilo todo dia. Talvez, se tivesse alguém para conversar, mas
sabe aquela pessoa que está tão cheia de tormentos que só vai falar disso? Eu
sou chata doutor.
Vivi
sozinha, morri sozinha. A vida mais chata do mundo. Estou tentando não
lastimar. É bem difícil para mim.
VANDERLÉIA
23/09/18
----------Paula
Alves---------
“O
POVO DEVE ABANDONAR SEUS HÁBITOS DE INÉRCIA, COMODISMO E FRUSTRAÇÃO”
A
mente humana é brilhante. Soube que em outros mundos se torna capaz de
movimentar a matéria. Podemos fazer coisas sensacionais em outros graus de
intelectualidade. Aqui no planeta Terra ainda falta um longo caminho, mas já
existem muitos estudiosos que estão em pesquisas cheias de lógica e que em
algumas décadas vão aprimorar a linha de raciocínio.
Tanto
já foi desvendado por Emmanuel, por André Luís. As pessoas querem desviar do
assunto, mas nada poderiam alcançar no rumo do progresso sem adotarem um novo
modo de pensar. Cada um é uma ilha. As pessoas vivem no seu mundo e pensam de
forma tão individual que criam seu paraíso ou inferno. Muitas, já perceberam o
quanto seus pensamentos podem levar a doença ou cura. Muitos já admitem que
podem atuar na Lei de Atração. Existem pessoas que conseguem atrair outras
pessoas com a força do seu pensamento. Elas podem atrair as coisas e até as situações.
Assim, como no mundo dos Espíritos nós podemos atuar no tempo e no espaço, os
encarnados também podem fazer muitas coisas com a força do pensamento.
Elevar-se,
conectar-se com uma força suprema que te energize. Você precisa crer. Ter fé é
acreditar em alguma coisa independente do seu potencial de visão. Você tem que
crer até no invisível e saber que é alcançável. Este potencial mobiliza
energias pessoais e coletivas, une os semelhantes em prol de um objetivo.
Pensem o que seria possível quando um número significativo de pessoas tem o
mesmo objetivo. Pensem o que seria possível quando o objetivo em comum é o bem.
Porque o bem é abençoado por Deus.
Só o
positivo triunfa, mas às vezes, leva tempo porque as pessoas não estão
convencidas disso. Unam-se! Fortaleçam-se! Sem medos, sem amarras. Tendo a
certeza de que o objetivo é o bem. O objetivo é favorecer a maioria. Desta
forma, nós podemos esperar que um país que tem potencial de progresso seja bem
conduzido por seus futuros governantes. Isso porque seus habitantes têm
pensamentos sublimes, voltados ao trabalho e ao progresso. O povo deve
abandonar seus hábitos de inércia, comodismo e frustração.
Saber
que o melhor está por vir e se esforçar para produzir o melhor. A cada um será
dado segundo as suas obras, com empenho e boa vontade todos podem lucrar. É da
Lei.
SIMAS (grupo de apoio psicológico)
23/09/18
Foto cedida por Magno Herrera Fotografias
“AS PESSOAS PODERIAM CONCEDER ALGUNS
MINUTINHOS DO SEU TEMPO PRECIOSO PARA TODOS AQUELES QUE COMETEM O ATO HEDIONDO”
As
dores continuam intensas. Depois de centenas de anos, eu sinto como se fosse
agora, como se fosse atual. Cometi um crime contra mim mesmo, crime hediondo.
Eu não imaginei que fosse verdade, eu não compreendi. Já tinham me falado, hoje
sei que tentaram me fazer desistir da loucura em questão, mas eu fui insistente
demais, até que consegui o sofrimento almejado.
Eu
sempre me fiz de coitado, de fato, fui leviano, acomodado. Tentei persuadi-la e
fui rejeitado.
Acontece
com todos, mas eu me senti ultrajado no orgulho ferido de homem e passei a
persegui-la. Como se não bastasse, eu fiquei desesperado quando percebi que ela
havia encontrado o amor nos braços de um jovem bem mais humilde em posses do
que eu. Eu poderia dar tudo o que ela quisesse, eu poderia cobri-la de ouro e
ela preferiu uma vida simples ao lado de um João. Fiquei indignado e falei que
ela iria se arrepender de ter me rejeitado, disse que ela jamais se esqueceria
de mim e do quanto eu fiquei magoado com a decisão dela. Não pensei duas vezes.
Em minha mente estavam apenas aqueles acontecimentos, como se a vida fosse só
isso. Eu ouvia claramente que não devia continuar sendo humilhado e que não
precisava viver mais me esforçando para ser amado. Fui até o escritório e
apanhei a arma do meu pai. A arma disparou rapidamente como se eu nem mesmo
tivesse tocado nela. Foi um bum, bem na cabeça.
Eu
caí atordoado e depois de algum tempo despertei. O mundo ainda era o mesmo, as
sensações é que eram bem outras. Muita dor na cabeça, dor que me fazia delirar,
eu gritei e coloquei a mão direto no ferimento, sangrava muito. Pedi socorro e
quando corri pelo escritório vi meu corpo caído completamente imóvel, fiquei horrorizado.
Acho que este é o primeiro castigo, você tenta voltar para o corpo e já não
pode mais. Eu não posso culpá-la porque ela nunca me deu esperanças, ela não me
enganou. Eu sempre estive errado. Já havia feito Laura sofrer em outras vidas
e, por isso, ela estava tão segura em me recusar.
Hoje
eu entendo a dor, hoje eu entendo porque peregrinei pelos vales. Totalmente
inclinado à loucura e à vingança. É o delírio que se adquire quando se destrói
as células nervosas. Está difícil a reparação estrutural. Fui socorrido por
minha mãe amantíssima, cheguei aqui quase em estado de demência e aqui estou eu
para mais esta oportunidade onde aproveito para clamar por todos os suicidas.
AS PESSOAS PODERIAM CONCEDER ALGUNS
MINUTINHOS DO SEU TEMPO PRECIOSO PARA TODOS AQUELES QUE COMETEM O ATO HEDIONDO.
Eu
errei, sofri e não quero para ninguém meus sofrimentos. Agora só estou
preocupado em fazer a recuperação total do meu cérebro. Agradeço a imensa oportunidade
que tive com minha mãe Edinalva que me teve em seu útero por apenas cinco meses
e me deu todo o seu afeto. Eu precisava passar por isso para reparar um pouco
mais minhas estruturas encefálicas. Que Jesus lhe abençoe minha querida.
ESPERO QUE TODOS POSSAM COMPREENDER O
QUANTO NÓS PODEMOS SER DESTRUTIVOS COM NÓS MESMOS E, AINDA ASSIM, A BONDADE
DIVINA QUE NOS FORNECE INÚMERAS POSSIBILIDADES DE MELHORAR.
LUÍS AUGUSTO
30/09/18
-----------Paula
Alves-----------
“QUANDO AS PESSOAS SOUBEREM RESPEITAR OS
SENTIMENTOS ALHEIOS NÓS SEREMOS MAIS FELIZES”
Ela
sempre foi linda, belíssima e eu me apaixonei por ela logo que descobri minha
masculinidade. Ela sabia que era fascinado por ela e se aproveitou disso para
conseguir muitas coisas. Meu pai tinha uma importante posição social e eu
poderia fornecer passeios surpreendentes e presentes maravilhosos. Eu fazia
tudo para conquistá-la. Sempre fui cavalheiro e sincero. Eu era tão jovem e
poderia ter qualquer mulher, mas eu queria Helena. Levou muito tempo para que
eu pudesse perceber que ela me usava. Ela me usava de forma persuasiva e
manipuladora.
Meus
pais perceberam e todos os nossos amigos começaram a comentar, mas eu ficava
indignado com as acusações deles. Eu estava sempre defendendo minha amada. Até
que num dia comum, resolvi surpreendê-la e levar um presente que ela estava
desejando, resolvi fazer uma surpresa e ir até a casa dela. Quando lá cheguei,
eu a vi aos beijos com um homem bem mais velho. Eu esmurrei o homem e desejei
avançar nela, mas fui embora. Estava tão irritado que resolvi sair para
cavalgar, parece que o cavalo sentiu minha ira. Eu caí do cavalo e nunca mais
andei. Vivi muitos anos me questionando por que eu tinha que passar por tudo
isso.
Nunca
tirei Helena da minha cabeça e ainda hoje me sinto ofendido com isso. Não consigo
esquecer. Ela acabou com minha vida. Eu sei que o senhor vai dizer que tudo
isso foi uma prova, mas ela estava envolvida mais uma vez na minha desgraça.
Acho que as mulheres têm que prestar atenção no que fazem com seus sentimentos
e também com os sentimentos alheios. As famílias deviam ensinar para os jovens
a se relacionarem uns com os outros para que não usem as pessoas. Eu já vi
muitos casos de mulheres que exploram, que se aproveitam do amor de um homem.
Também já vi homens se aproveitando do amor das mulheres. Homens que têm mais
de uma mulher, eles fazem com que elas se envolvam e se entreguem inteiramente
e nunca se entregarão por inteiro porque só estão interessados na satisfação dos
seus desejos. Pessoas que são egoístas e nunca pensam no bem estar do outro,
apenas pensam em si mesmos. Eles usam e ferem os sentimentos mais íntimos daqueles
que lhe dedicaram amor e atenção.
Eu
sofri por amor, ainda sofro, mas concordo que é melhor sofrer por alguém do que
fazer sofrer. Eu vou superar. Deve ter alguém em algum lugar que goste de mim
por quem eu sou.
QUANDO AS PESSOAS SOUBEREM RESPEITAR OS
SENTIMENTOS ALHEIOS NÓS SEREMOS MAIS FELIZES.
OSCAR
30/09/18
-----------Paula
Alves-----------------
“É
TERRÍVEL PERCEBER O QUANTO O MUNDO É PEQUENO NESTAS HORAS”
Se
eu pudesse ter amenizado sua dor, certamente teria feito isso. Ela sofreu tanto
quanto eu, talvez até mais. É na hora da dor que nós realmente conhecemos
alguém. Quando você mais precisa, só ficam do seu lado as pessoas que te amam
muito.
Eu
fui um homem forte, trabalhador e muito divertido. Estava sempre cercado de
amigos, familiares estavam sempre em nossa casa para beber e festejar. Eu tinha
um bom cargo numa empresa e tudo estava bem, mas comecei a me sentir cansado e
sem ânimo. Desmaiei e minha amada esposa me socorreu. Após os exames
necessários, o médico achou adequado fazer um exame específico do cérebro e constatou
que eu tinha um câncer bem invasivo. Foi um choque saber que eu tinha uma doença
tão grave, tão jovem, com filhos pequenos.
Rapidamente
fui submetido a tratamentos e, em pouco tempo, eu estava com uma aparência bem
diferente da que tive a vida toda, eu virei um moribundo. Meus amigos sumiram.
Os familiares disseram estar entristecidos demais para me visitarem. Meus
filhos pequeninos faziam de tudo para me alegrar e minha esposa fazia tudo o
que era possível para cuidar de mim e dos meninos. O tratamento foi caro, a
empresa pagou por tudo e Miriam conseguiu cuidar de nós, mas ela já estava
mostrando cansaço. Ela precisava de ajuda e não tinha ninguém.
É TERRÍVEL PERCEBER O QUANTO O MUNDO É
PEQUENO NESTAS HORAS.
É
muito difícil ter que aguentar justificativas quando você precisa de ação. Nós
precisávamos de coisas simples, alguém que pudesse ficar com os meninos no dia
da quimio. Alguém que pudesse ajudar a Miriam com algumas tarefas domésticas e
atenção, esperança, isso era o que a gente mais sentia falta, de risos, de
lembranças positivas. Apoio.
Eu
me frustrei com as pessoas e percebi que nossa família era quem estava debaixo
do nosso teto. Aprendi muito com a Miriam e os meninos me deram tudo o que eu
precisava: amor. Foi uma família abençoada, eu só tenho a agradecer. Depois de
três meses o câncer tomava proporções devastadoras e eu não aguentava mais. Falei
para Miriam que eu não queria partir. Eu não queria que ela ficasse sozinha com
nossos meninos, mas eu estava sentindo meu corpo fora de controle. Eu senti que
estava morrendo. Eu sabia que estava chegando no meu momento de partir e isso
me apavorava porque eu não queria abandoná-los. Acho que o pior de tudo na
morte é você saber que vai deixar alguém na mão. Você quer se agarrar a vida e
não pode. Eu morri e não senti dor, não tive aflição. Eu me soltei do corpo.
Parecia que eu estava adormecendo e quando acordei estava na cama do hospital
aqui da colônia. Não entendi nada de início, depois fui percebendo um alívio, a
saúde foi normalizando, achei estranho demais que a Miriam não vinha me ver e
tive umas lembranças. Demorou tanto para despertar que os meninos até
cresceram. Quando entendi já tinha acontecido muita coisa, faculdade,
namoradas, a Miriam voltou a estudar e estava num bom emprego.
A VIDA DA GENTE É ASSIM, NADA PARA POR
DEFINITIVO. É UM CICLO ATRÁS DO OUTRO.
Eu
ainda amo, eu sinto e eu desejo cada vez me reencontrar com eles. A certeza que
fica é que quem ama jamais se separa. Nós estamos sempre nos reencontrando
graças a Deus.
MARONI
30/09/18
-----------Paula
Alves-------
“EU PRECISO ADQUIRIR OS TESOUROS DA ALMA
QUE A FERRUGEM NÃO CORRÓI E A TRAÇA NÃO COME”
Fui
me envolver com aquela gente e sei que tudo foi muito bom para minha família porque
depois deles eu consegui comprar a nossa casa. Era muito difícil conseguir comprar
casa e eu não ia conseguir sozinha, sem marido, duas crianças, semi analfabeta.
Mas, eu sempre fui tão esforçada, trabalhadora, nunca fiquei na cama até tarde.
Eu sabia que, um dia, conseguiria dar um futuro digno para meus filhos.
Quando
a gente está encarnado é só nisso que a gente pensa. A gente quer vencer na
vida e vencer significa ter as coisas, mostrar para o mundo que você pode.
EU TAMBÉM PENSAVA QUE ERA ISSO QUE
SIGNIFICAVA VENCER NA VIDA.
Eu
sempre estive enganada. Eles estavam crescendo e eu nem estava vendo. Não pude
brincar com meus filhos, nunca presenciei um momento de alegria porque estava
trabalhando demais. Eu achava que, se desse conforto, seria uma boa mãe.
Pensava em economizar cada centavo para comprar a casa e nunca levei num parque,
num passeio. Pobres crianças! Brinquedo? Eu até questionava para que eles
queriam brinquedos. Nunca comprei e via quando cobiçavam os brinquedos das
outras crianças.
A VERDADE É QUE EU SÓ PENSAVA NA MATÉRIA
E NÃO VI O TEMPO PASSAR.
Eles
cresceram, eu comprei a nossa casa e, de repente, percebi que nós não tínhamos
diálogo, nem intimidade. Eles também não me conheciam porque eu nunca me
apresentei para eles, nunca afagos ou sorrisos, eu só dava bronca e exigia. Eu
me arrependo muito e quando examinei minhas outras existências pude ver a
reincidência do erro em várias vidas. Como eu sou burra.
EU SEMPRE ME ILUDI. SEMPRE FIQUEI
FASCINADA E ME ILUDI COM AS BELEZAS E COMODIDADES DA MATÉRIA. EU NUNCA ENTENDI
O QUE ERA REALMENTE IMPORTANTE.
Estas
pessoas estão comigo há muito tempo, sempre se empenhado em me fazer mudar de
atitude e eu cega. Como pode isso? Chega a ser ridículo. Eu erro nas mesmas
coisas. Então, pensei em solicitar uma mudança de plano, eu preciso evoluir um
pouco que seja, eu preciso dar um passo para frente e me encontrar ligada a
eles para que eu sinta que os afetos são essenciais. Pensei em deficiências
físicas porque na expiação, talvez eu consiga me aproximar mais deles. Eu sei
que os dois podem me receber como filha ou filho e acredito que isso me fará
avançar.
É O ÚNICO JEITO PORQUE QUANDO ESTOU
ENCARNADA SÓ DESEJO OS BENS E ME ESQUEÇO DOS AFETOS.
Se
eu tivesse lá, a consciência que tenho aqui seria mais fácil, porém, não seria
sincero.
Todos deveriam pensar nisso:
O QUANTO VOCÊ FEZ POR SEUS ENTES
QUERIDOS HOJE?
SERÁ QUE SE ENTREGOU DE CORPO E ALMA
PARA SATISFAÇÃO DE ALGUÉM?
VOCÊ FOI MISERICORDIOSO, CARIDOSO OU
ABNEGADO?
ISSO SIM É RIQUEZA.
Eu
preciso adquirir os tesouros da alma que a ferrugem não corrói e a traça não
come.
EMMA
30/09/18
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